terça-feira, 11 de novembro de 2008

O Dia da Consciência Negra e as políticas do governo federal!

*Almir da Silva Lima(almirptmacae@yahoo.com.br)

O ministro da Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (SEPPIR), o deputado federal licenciado do PT carioca Edson Santos concedeu entrevista ao programa "Bom Dia Ministro" da Radiobrás, 5ª feira última, 06/11. Dentre outras questões, o ministro defendeu a criação de delegacias estaduais especializadas contra crimes de racismo. Tal proposta em si é correta, pois, complementa o princípio constitucional que define o racismo como crime inafiançável e imprescritível. No entanto, o ministro nada falou sobre a violência do próprio estado (polícias militar e civil) contra o povo negro nos morros do Estado do RJ (especialmente nos cariocas), assim como nas favelas fluminenses e do Estado de São Paulo, onde pessoas negras são mortas (assassinadas).

Os números da violência policial sobre a população pobre e majoritariamente negra, registram que as mortes incidem notadamente sobre os adolescentes e jovens. Há militantes do movimento negro que afirmam "No Brasil, as polícias militar e civil matam mais os adolescentes e jovens das comunidades pobres e negras que baratas!" Daí indagar-se ao ministro: Que tal a 1ª ação ser proibir as polícias de praticar tais violências, deixando de invadir as áreas sociais mais pobres por ser nelas que se concentra o povo negro? Para prender banqueiro o Supremo Tribunal Federal (STF) exige mandado judicial e não permite usar algema! Mas, para prender pessoas pobres, notadamente as negras as polícias chutam, derrubam portas e atiram sob a alegação de que seriam todas traficantes!

O ministro tem razão ao afirmar que no Brasil as pessoas e instituições acusadas de racismo não sofrem punição penal porque não há agentes públicos qualificados, treinados para acolher as denúncias. Ele ressalta já existir delegacias com tais características nos Estado de SP e Piauí, salientando não se tratar de "delegacia de negros", sendo órgãos para cuidar daquilo que ele chama de agressões racistas também sofridas por indígenas, ciganos e pessoas judias. O ministro sugere corretamente que tais delegacias tenham especialistas em Antropologia, Serviço Social e Psicologia, porque a agressão racista atinge a alma, a auto-estima do cidadão. Mas, ele se equivoca ao afirmar que o racismo é uma "doença" que leva vítima e autor a necessitarem de tratamento.

Para o ministro tais delegacias não devem "apenas" acolher denúncias de crime de racismo, levando a pessoa racista a ser punida. Ele quer tais órgãos também atuem preventiva e educativamente. Divirjo frontalmente do ministro, tais delegacias devem ser sim para punir os opressores racistas. Para educar existem escolas onde todos e todas devem ter o mesmo ensino. Não somente os negros precisam estudar conforme a Lei 10.639/2003 (História, Culturas e Lutas dos Negros no continente africano e países da diáspora como o Brasil). Reafirmo: Todos e todas precisam estudar, por exemplo, como o capitalismo se desenvolveu, escravizando os negros, destruindo parte do continente africano onde até os dias atuais ocorrem genocídios.

Na entrevista que concedeu ao programa "Bom Dia Ministro" da Radiobrás, o titular da SEPPIR não disse isto, porém o faço: O racismo sofrido pelas pessoas negras é uma opressão, trata-se de uma ideologia de dominação que é específica, estratégica e indissociável da luta de classes. O racismo foi criado pelos próprios opressores racistas como ensinou o herói e mártir internacional da Consciência Negra, o sindicalista e líder negro socialista sul-africano Stephen-Steve Bantu Biko (1946-1977) "Racismo e Capitalismo são os dois lados de uma mesma moeda". Sobre a eleição de Barack Obama, o ministro está certo ao considerá-la fruto das lutas nos EUA pelos direitos civis nas quais, Malcolm X e Martin Luther King são mártires e heróis negros.

Em relação ao Dia Nacional da Consciência Negra, em 20 de novembro próximo, o ministro anunciou que as comemorações do governo federal estarão focadas no Rio de Janeiro onde ocorrerá o resgate histórico do herói negro, o marinheiro João Cândido que foi o líder da Revolta das Chibatas ocorrida na Praça XV no centro da cidade. Ali será realizada, segundo o ministro com a presença do presidente Lula, a cerimônia de descerramento da placa que inaugurará a estátua de João Cândido. Ao defender as políticas sociais do governo federal, o ministro afirmou que quem defende as políticas públicas universais não deseja sanar as diferenças sociais entre negros e brancos porque não se podem tratar igualmente os desiguais.

Já sobre aquilo que chama de promoção social da população negra feita pelo governo do presidente Lula, o ministro chegou a ponto de dizer que a dívida agrária com os negros deixada pela Abolição, só a partir do atual governo foi criada uma agenda social para as comunidades quilombolas. Assim, segundo o ministro até 2010 serão instalados 22 comitês gestores nas comunidades remanescentes de quilombos. Tal medida é justa. Entretanto, tais áreas de terras são pequenas e atendem a uma minoria de negros. O correto é fazer a reforma agrária, até pelo fato de que a maioria das pessoas acampadas à beira de estradas é constituída de negros ou têm descendência negra. Que tal a 1ª ação de reforma agrária ser o assentamento de 200 mil famílias?

Por fim, a entrevista do ministro não escondeu o fato do governo federal ter despejado bilhões de reais nos bancos e nas montadoras multinacionais sob a alegação de manter os negócios. Daí, a consequência disto é mais do que evidente, é clara: Não sobra dinheiro para fazer as Escolas e Universidades Públicas, Gratuitas e de Excelência na Qualidade para Todos e Todas que o Brasil precisa. A República Livre e Popular de Palmares comandada pelo herói negro Zumbi é um exemplo histórico de união de todos os oprimidos (negros, brancos e indígenas), não tem a ver com as políticas específicas destinadas aos negros, que o governo federal busca desenvolver.

*jornalista – é membro da coordenação nacional do Movimento Negro Socialista (MNS) e militante da corrente intra PT, Esquerda Marxista, a seção brasileira da Corrente Marxista Internacional (CMI).

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Royaltes e educação

*Almir da Silva Lima (almirptmacae@yahoo.com.br)

As instituições burguesas Universidade Cândido Mendes e Ibope Pesquisa apresentaram respectivamente 2ª feira (dia 15) e 3 ª feira (16/09) seus números acerca do que é chamado de qualidade da Educação. A universidade privada o fez sobre os indicadores de qualidade e de infra-estrutura em escolas de nove municípios do Estado do RJ sob milionários royalties do petróleo; o Estado é o mais aquinhoado com estes recursos provenientes do petróleo. Os nºs mostram que não há destaque sequer em relação às escolas da própria região sudeste. Já o Ibope fez pesquisa em nove regiões metropolitanas, mostrando opiniões das pessoas acerca do que é chamado de qualidade do ensino no país. Nesta, 70 % aprovam, classificando-a como boa.

O estudo da Universidade Cândido Mendes sobre qualidade do ensino em escolas do Estado do RJ nos últimos dez anos quando vigoram os milionários royalties do petróleo foi realizado por Gustavo Givisiez e Elzira Oliveira. A pesquisa será apresentada no final do mês, durante o XVI Encontro Nacional de Estudos Populacionais. O estudo foi realizado em escolas de nove municípios fluminenses: Macaé, Quissamã, Carapebus, Rio das Ostras, Casimiro de Abreu, Cabo Frio, Búzios, Campos dos Goytacazes e São João da Barra. Na pesquisa, foram comparados dados de infra-estrutura (computadores e bibliotecas, por exemplo), professores com graduações e desempenho das escolas no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb).

Segundo a pesquisa, apesar dos milionários royalties do petróleo dos últimos dez anos, as escolas nos mencionados municípios fluminenses não se destacaram em relação às demais no comparativo da evolução de índices entre os anos de 2000 e 2006. O Estudo não mostra separadamente a situação de cada município, porém, para o jornalista Antônio Góis do jornal burguês Folha de S. Paulo, análise por ele realizada apenas nos resultados do Ideb entre os 20 municípios que mais receberam royalties no país, revela avanços em determinadas cidades. Ainda segundo o jornalista, outras cidades, no entanto, estagnaram ou pioraram. O Ideb é um indicador que avalia a Educação pelas taxas de aprovação e pelo desempenho dos alunos em Português e em Matemática.

Por sua vez, levantamento do Ibope Pesquisa divulgado pela Agência Estado através do Yahoo Notícias 3ª feira, 16/09, mostra que 70 % das pessoas estão satisfeitas com o que, no país, é chamado de qualidade da Educação. Os dados foram apresentados em São Paulo durante o lançamento do Projeto Educar para Crescer, com a natural presença do ministro da Pasta, Fernando Haddad e representantes do setor educacional, público e privado. Dentre estes, o reacionário e direitista empresário Paulo Skaf, presidente da poderosa Federação das Indústrias do Estado de SP (Fiesp). Haja vista que, encarregada pelas instituições burguesas de fazer a apresentação da pesquisa, a ex-Secretária Estadual Paulista de Cultura, Cláudia Costin, fez bem o papel de intelectual-serviçal-burguesa.

De acordo com Costin, a satisfação mostrada na pesquisa é fruto do desconhecimento da população sobre os principais problemas da Educação. Ainda segundo ela, 63 % da população não faz nada pela Educação, não chama para si a responsabilidade pela qualidade do ensino no país e tampouco participa da sua melhoria ou se sente motivada a contribuir. Todavia, o estudo do Ibope Pesquisa indica que para 68 % dos entrevistados, a Educação é de total responsabilidade dos governantes. No levantamento, 70 % das pessoas no Brasil não fazem idéia do que o (a) prefeito (a) esteja fazendo pela Educação no respectivo município. Contraditoriamente, 69 % apontam o tema como um dos principais setores nos quais, o governo deveria investir; porém apenas 01 % leva em consideração as propostas de Educação dos políticos na hora de votar.

O Ibope Pesquisa mostra que, em média, é dada nota sete aos estabelecimentos de ensino, isto é, às escolas públicas e privadas. 09 % das pessoas entrevistadas deram nota inferior a cinco. Outros dados do levantamento: Embora o atual Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) seja 4,2 as pessoas no Brasil acham que o Ideb é de 5,5. O que leva à estimativa de que essa média seja alcançada somente em 2017. Quase 90 % das pessoas entrevistadas colocam a Educação em 5º lugar na lista de principais problemas do país. Outros números: Segurança Pública (30 %), desempenho dos governantes (17 %), emprego (13 %) e saúde (11 %). A seguir, os números do questionário sobre os objetivos para se obter a chamada boa qualidade da Educação Básica.

Ensino das matérias (31 %), oferecer perspectiva de realização profissional (24 %), assegurar a chamada igualdade de oportunidade (19 %) e formar cidadãos críticos e conscientes (18 %). Já dentre as medidas que deveriam ser tomadas pelos governantes, duas tiveram destaque na opinião das pessoas entrevistadas: Melhorar o salário (46 %) e professores com capacitação (37 %). O Ibope Pesquisa entrevistou 1000 pessoas, entre homens e mulheres de 15 a 69 anos de idade, em todos os segmentos sociais e residentes em nove regiões metropolitanas: Salvador (BA), Fortaleza (CE), Recife (PE), Brasília (DF), Curitiba (PR), Porto Alegre (RS), Belo Horizonte (MG), Rio de Janeiro (RJ) e São Paulo (SP). A seguir, as propostas deste escrevinhador.

As instituições burguesas tratam com hipocrisia a avaliação da chamada qualidade do ensino, no geral. Basta reparar, apesar do Brasil ser um país capitalista, 68 % das pessoas entrevistadas pelo Ibope Pesquisa, aponta que a Educação é de total responsabilidade dos governantes. Isto é do estado, devendo em nossa opinião ser pública, gratuita e de excelência na qualidade para todos e todas. O fato do Estado do RJ ser aquinhoado por milionários royalties do petróleo, agrava a hipocrisia das instituições burguesas. Elas associam de propósito, a avaliação da chamada qualidade do ensino nas escolas públicas em relação à Lei dos royalties do petróleo. Ocorre que tal Lei só prevê gastos públicos com habitação, iluminação, meio ambiente, melhoramento de estrada e saneamento.

Para não me alongar, concluindo, uma vez que hipocritamente as instituições burguesas não respeitam com a devida transparência os gastos públicos sequer em uma Lei específica como é a dos royalties do petróleo. Especialmente em relação a se buscar permanentemente excelência na qualidade da Educação pública, gratuita para todos e todas, seja utilizado o dinheiro do superávit fiscal primário, isto é, da dívida.

*jornalista – é militante da corrente intra PT, Esquerda Marxista.

terça-feira, 26 de agosto de 2008

Paradoxos expõem falta de opção política aos trabalhadores na campanha eleitoral 2008 em Macaé (RJ)!

*Almir da Silva Lima(almirptmacae@yahoo.com.br)

A campanha eleitoral em Macaé expõe paradoxos que não são surpresas em uma cidade dominada há 31 anos por uma oligarquia-burguesa. Baseado no apelidado governo de coalizão do presidente Lula que significa servir muito mais à burguesia que ao povo trabalhador, na Capital do Petróleo a direção petista local não se fez de rogada: Jogou-se de corpo e alma na candidatura à reeleição do alcaide macaense, atualmente peemedebista, mas que já foi tucano. Para tanto, essa traição política conta com apoio da direção nacional petista ao respaldar a candidatura à vice-prefeita de sua única vereadora no Legislativo Macaense. Tal edil é uma pequeno-burguesa infiltrada no PT em 2003. Com a candidatura à vice-prefeita ela comprova o propósito de sua infiltração.

Assim, de paradoxo em paradoxo, conforme mostraremos ao longo deste texto, os trabalhadores encontram-se sem opção política de voto. O paradoxo do PT em se aliar à burguesia é agravado por sua militância de “esquerda” ao fazer campanha eleitoral para o candidato a prefeito do PV que é um médico pequeno-burguês e privatista. Jovem e ex-integrante do atual e anterior governos da burguesa oligarquia, ele posa de “renovação, mudança, oposição”. A “esquerda” do PT também se equivoca ao fazer a campanha para um candidato a vereador que, apesar de petista, é vazio de conteúdo político. Para tanto, tal candidato a edil usa como estratégia sua juventude somada à ambição de fazer carreira parlamentar. A “esquerda” petista mostra não ter aprendido com o passado recente.

Paradoxos levados à desfaçatez populista são as campanhas dos dois candidatos a prefeito que são membros da burguesa oligarquia local. 1º o alcaide macaense concorre à reeleição utilizando o slogan “compromisso com o povo”, não se importando se nas fotos do material de campanha, ele está ao lado de sua candidata a vice-prefeita que é “suspeita de práticas discriminatórias contra pobres e negros”. Por sua vez, o tio do alcaide macaense e patriarca da burguesa oligarquia que é deputado federal tucano espalhou propaganda pela cidade, enumerando com personalismo as obras de seus três mandatos na Chefia do Executivo Macaense. Porém, o deputado tucano por ser o patriarca da burguesa oligarquia, não lembrou que o alcaide é seu sobrinho e uma de suas principais criações.

Mais dois candidatos a prefeito completam o quadro da campanha eleitoral 2008 em Macaé. Um deles é um petroleiro politicamente vazio. Folclórico, ele em cada pleito concorre a um cargo eletivo através de uma legenda de aluguel diferente. Concorrendo pela 2ª vez a prefeito sem programa para os trabalhadores, ele macula o refundado PCB. Já o candidato a prefeito pela autoproclamada Frente Macaé Socialista (PSTU-PSOL) é filiado ao PSTU. Professor, ele é sindicalista no Sindicato Estadual dos Profissionais da Educação (SEPE) que é um dos aparelhos da auto-intitulada Coordenação Nacional de Lutas (Conlutas). Ao falar de seu programa de governo específico para o setor, ele soltou esta pérola “Transporte não tem que dar lucro excedente (sic)”.

Apelidada como Princesinha do Atlântico e conhecida folcloricamente antes da ditadura militar (1964-1985) como Moscouzinha ou Pequena Cuba, a atual Capital do Petróleo ainda se mostra pródiga em nicho de sectarismo esquerdista como o de uma seita autodenominada “Liga Operária” que prega o fundamentalimo contra todo e qualquer partido político; por extensão prega o voto nulo em geral. Não é este o caso deste escrevinhador. Mas, isto é pauta para um dos próximos textos.

*jornalista – suplente do diretório petista macaense é militante da corrente intra PT, Esquerda Marxista.

sexta-feira, 4 de julho de 2008

"FEUDUC EM CRISE" - PARTICIPE DO PROTESTO


Acesse no link abaixo o blog da Esquerda Marxista de Duque de Caxias (EM-DC) e leia duas mensagens sobre a situação da FEUDUC ("Fundação Educacional de Duque de Caxias" - faculdade privada) que circulam pela internet, a opinião da EM-DC e a convocatória de um ato público pro dia 07/07.

segunda-feira, 9 de junho de 2008

Convite: UNIVERSIDADE VERMELHA - RJ

CONVITE

UNIVERSIDADE VERMELHA
http://universidadevermelha.blogspot.com/

O QUE É?

A Universidade Vermelha é uma nova fase dos cursos de formação política da Esquerda Marxista. Um piloto já foi desenvolvido com grande sucesso no final de 2007 e agora, iniciamos o projeto de formação da Universidade Vermelha, que terá 4 módulos durante 2008, que ocorrerão simultaneamente em vários estados do Brasil. São cursos livres, de 1 dia de duração, ministrados não por acadêmicos, mas por militantes revolucionários que unem o estudo da teoria com a luta prática pela organização da classe trabalhadora e a tomada do poder.

1º Módulo no Rio de Janeiro
.
Sábado, 14 de Junho, às 14h
.
Tema: A Teoria da Revolução Permanente - Trotsky

Para os marxistas, a teoria da Revolução Permanente é a discussão sobre a transição entre o capitalismo e socialismo. Como e quando esta transição pode ocorrer? Essa é a questão chave do debate. Resumo do livro disponível no Blog da Universidade Vermelha: http://universidadevermelha.blogspot.com/2008/03/roteiro-de-estudo-1-mdulo.html


Local: Rua Aires Saldanha, 130 - Apto. 803 - Copacabana

Inscrições e mais informações:
Flavio: (21) 9441-5809 ou flavioirj@gmail.com
Fernando: (21) 9326-8979 ou fernandobleal@yahoo.com.br


OBS: Solicitamos que todos os interessados façam inscrição nos enviando nome, e-mail e telefone. Caso o número de inscritos ultrapasse o limite de pessoas do local, buscaremos organizar nosso encontro num outro local que comporte todos.


Saudações Socialistas!


ESQUERDA MARXISTA

www.marxismo.org.br
www.marxismorj.blogspot.com

quarta-feira, 14 de maio de 2008

PT em Macaé (RJ) se inspira no presidente Lula: Vai apoiar a reeleição do prefeito da burguesa oligarquia local!

*Almir da Silva Lima (almirptmacae@yahoo.com.br)

Depois do presidente Lula afirmar "realidade local deve ditar aliança nos municípios", contrariando veto da cúpula nacional petista de apoio do PT ao pré-candidato a prefeito da capital mineira do PSB indicado pelo governador tucano Aécio Neves. Agora é o PT em Macaé (RJ) que decidiu não lançar candidatura própria para apoiar a de um partido da chamada base aliada do apelidado governo de coalizão, do próprio presidente Lula. Na Capital do Petróleo, o apoio do PT será dado à reeleição do alcaide Riverton Mussi (ex-PSDB e atualmente no PMDB) que é membro da burguesa oligarquia que domina a política local há 31 anos. Isto foi decidido por 87 contra 13% dos votos válidos no Encontro realizado na Câmara Municipal, sábado (09 de maio).

A mencionada afirmação do presidente Lula se trata de uma "senha". Seu alcunhado governo de coalizão significa governar muito mais para a burguesia do que para o povo trabalhador. Já no caso do PT, tudo começou em 1987 no V Encontro nacional quando, com apoio do então presidente petista Lula, o secretário-geral José Dirceu comandou a aprovação da "tese" do atual campo majoritário (ex-tendência Articulação) intitulada "Acumulação de Forças" cujo significado é o de que nunca se pode lutar porque "a etapa é de acumulação de forças". Desta "tese" surgiu outra etapa, a "Democrática e Popular" através de governos autoproclamados de democráticos e populares cuja política significou o início da destruição do princípio da independência de classe do PT.

Haja vista, a "tese" vencedora (mas, sem debates) no Encontro de Política de Aliança e Tática Eleitoral do PT local tem o título enganador "Trabalhando por Macaé" e é apoiada, dentre outros, pelo fisiológico vereador filiado ao PT e pelo presidente municipal petista. É deste, aliás, a seguinte pérola "o PT tem evoluído muito nos seus diálogos internos. Acredito que conseguimos fazer uma boa análise de conjuntura do cenário político de Macaé e encontramos a melhor tática eleitoral para o partido. Este amadurecimento evidente do partido proporciona a sociedade uma opção confiável para os próximos pleitos eleitorais". Para a vencedora "tese" (sem debates), o PT apoiará candidato de outro partido, sem que estejam definidos os nomes (do candidato e do partido).

Tais nomes serão definidos no dia 07 de junho próximo em novo Encontro Municipal dos delegados eleitos pelas chapas "Trabalhando por Macaé" (hegemônica) que é constituída por petistas integrantes e apoiadores da administração do alcaide macaense. Já a chapa "História, Esperança e Dignidade" (minoritária) é integrada por petistas oposicionistas, em termos locais. Isto é, de todas as correntes e tendências, com exceção da Esquerda Marxista (defensora da independência de classe do PT ante a burguesia e seus partidos). Na oportunidade será anunciada a política de alianças majoritária (prefeito e vice) e proporcional (vereadores) uma vez que ambas chapas definiram que o diálogo será com todos os partidos da base aliada do governo do presidente Lula.

A intenção do presidente Lula, as envelhecidas idéias da juventude local e as agruras dos petistas governistas em Macaé!

Há alguns anos o presidente Lula tem dito que gostaria de fazer "um partido com pessoas de bem do PT e PSDB". Isso explica a demagogia, o oportunismo e o populismo exibidos nos discursos durante o Encontro Municipal do dia 09 de maio. Por exemplo, a do presidente municipal petista "A cidade (Macaé) precisa de um PT coerente e que seja uma opção segura e madura. Estamos investindo na juventude que será o partido amanhã. Atualmente, dos nove membros da Comissão Executiva Municipal, cinco são jovens com menos de 29 anos". Tais "jovens" se referenciam nas idéias e práticas do presidente petista que durante o mandato de edil (2001-2004) se perdeu, tentando fazer o que ele chamou de "oposição inteligente" à burguesa oligarquia local.

Tanto que, em 2004 ele acabou renunciando como pré-candidato a prefeito petista para ser o candidato à vice do então candidato a prefeito do PMDB; por sinal, se trata de um fisiológico ex-edil que voltou ao ninho da oligarquia como secretário de governo do atual alcaide macaense. Seria cômico se não fosse trágico para a independência de classe do PT e, consequentemente do povo trabalhador local os equivocados discursos proferidos durante o Encontro como o do presidente municipal do PT "A maioria dos petistas acreditam que a eficiente gestão nas secretarias municipais que o PT tem autonomia para que sejam aplicadas as diretrizes históricas do partido em prol da sociedade de Macaé, foi fator determinante para a vitória da tese Trabalhando por Macaé".

Já o pelego presidente do Sindicato dos Bancários, afirmou "O PT está fazendo a diferença no governo (municipal). Em poucos meses conseguimos a gratuidade da FeMASS (fundação-faculdade municipal privada), ampliar o complexo universitário (privado) e seus convênios com UFRJ e UFF, criamos o Fundo (privado) do Meio Ambiente, reformamos o Teatro Municipal e estamos tocando a reabertura do Cine Clube Macaé em parceria com a Petrobrás. Temos o reconhecimento da sociedade, mas não somos unanimidade dentro do nosso próprio partido". Estiveram também presentes ao Encontro outros petistas que integram o governo municipal como a presidente da Fundação Macaé de Cultura (FMC) e o presidente da Fundação Educacional de Macaé (Funemac).

Este, que é petista e psiquiatra, apareceu pela 1ª vez em uma reunião (ano passado) para pegar o mencionado cargo. No Encontro, ele discursou "O processo político é indissociável do trabalho técnico. Fiz questão de fazer a defesa do nosso trabalho frente às secretarias. Não temos certeza se a nossa participação neste governo é a forma mais correta, mas podemos afirmar com certeza que estamos fazendo a diferença e quem está ganhando com isto é a sociedade macaense". Por fim, o presidente municipal do PT disse "Com o resultado deste Encontro, todas as esperanças de candidatura própria estão enterradas. O partido reconhece que este não é o momento ideal e que para isto precisa consolidar este novo momento para que num futuro próximo possa se lançar à prefeitura de Macaé".

*jornalista – é suplente no diretório petista local e militante da corrente intra PT (Esquerda Marxista).

terça-feira, 13 de maio de 2008

3ª Reunião Nacional do MOVIMENTO NEGRO SOCIALISTA, sucesso total. 104 participantes de 10 estados e 4 países africanos!







Visite o site do Movimento Negro Socialista para conferir as fotos e notícias do evento, que teve ampla repercussão na imprensa e no movimento operario!

domingo, 4 de maio de 2008

Harlem

Prefeito de Nova Iorque (EUA) quer acabar com o tradicional bairro pobre e negro do Harlem!

*Almir da Silva Lima (almirptmacae@yahoo.com.br)

Trata-se do dogma capitalista (lucro) se sobrepondo ao planejamento de uma cidade no mais imperial dos países imperialistas. O prefeito de Nova Iorque (EUA) Michael Bloomberg quer transformar o tradicional bairro pobre e negro do Harlem em um centro comercial e de negócios. É o que informa - com tradução de Luiz Roberto Mendes Gonçalves - Marc Bassets do jornal nova-iorquino La Vanguardia. Ocorre que - segundo o jornalista - a chamada comunidade dos moradores do Harlem monta trincheiras para manter sua identidade. "Estão nos roubando o Harlem"; afirma Sikhulu Shange, 66 anos, sul-africano radicado nos EUA desde 1962, dono da loja de disco Record Shack, na Rua 125 do bairro que fica ao norte da aristocrática ilha de Manhattam.

Considerado como instituição no Harlem, Shange é um dos líderes do movimento comunitário para conter os planos da prefeitura de Nova Iorque de remodelar a Rua 125, também conhecida como Boulevard Martin Luther King Junior. Haja vista que o objetivo do prefeito Bloomberg é mesmo o de fazer a transformação da principal artéria do Harlem em um dos centros comerciais e empresariais da cidade. "Ninguém me paga para falar com jornalistas"; queixa-se Shange. Ele paga cinco mil dólares por mês de aluguel da loja de disco Record Shack, mas o proprietário do edifício tenta despejá-lo. Embora Shange tenha recorrido à Justiça, não logrou êxito. "O que me preocupa agora é que se trata de uma questão de vida ou morte"; exclamou.

O plano da prefeitura para remodelagem do Harlem prevê a construção de edifícios de apartamentos e galerias de arte. Seus defensores – por sua vez - afirmam que o plano resgatará da marginalização e da pobreza a área que ainda por acima é degradada; a despeito do processo de aburguesamento (comum em muitas áreas urbanas dos EUA) que se viveu na última década. Já os críticos como Shange e também centenas de moradores organizaram protestos nas últimas semanas. Eles acreditam que com a remodelação, lojas de bairro como a loja de disco Record Shack irão desaparecer ante a enxurrada de redes comerciais que ocorrerá, encarecendo os aluguéis e levando seus habitantes originais – cuja maioria é de negros – a migrarem.

Os velhos contrastes do capitalismo na mega cidade de Nova Iorque!

Para se ter uma idéia disto, a Rua 125 ainda conserva a atmosfera do Harlem como bairro tradicional, pobre e negro do renascimento nos anos 1920 quando foi cenário da eclosão de culturas negras (arte, literatura e música). Exemplos: Na 125 continua em pé o legendário Teatro Apollo onde foram forjadas lendas como Billie Holiday e James Brown. Um dos poucos arranha-céus da 125 ainda em pé, o hotel Teresa apesar de fechado há anos tem muita história e suas letras gigantescas não se apagaram. Nele se hospedaram Fidel Castro e Malcolm X este durante a época da luta pelos direitos civis. No Harlem os camelôs ocupam as calçadas que cheiram a comida, incenso e perfume. Ali, o desemprego e a pobreza são maiores que em outras áreas da ilha de Manhattam.

A prova disto é o contraste da outra Nova Iorque, isto é a dos edifícios com porteiros e das lojas de luxo. Esta aristocrática Nova Iorque onde os ônibus circulam sem cessar não fica tão distante assim da Nova Iorque tradicional, pobre e negra que é o bairro Harlem. Dois exemplos. 1º a rede de café Starbucks que é monopolista e lucrativíssima já se instalou na Rua 125. 2º ao deixar a presidência, Bill Clinton, fez o mesmo. Todavia, para os moradores isso só serviu para o encarecimento dos aluguéis uma vez que Clinton quase não é visto no bairro. Os planos da prefeitura nova-iorquina de remodelar o Harlem está causando o seguinte questionamento: O bairro vive um novo renascimento ou morrem seus últimos vestígios de autenticidade cultural?

No capitalismo o lucro tem valor absoluto ainda mais nos EUA que é o principal país imperialista do planeta. Já a autenticidade cultural mais do que valor relativo tem valor limitado. Este também é o caso do decantado bem-estar (social). Por ser uma referência para amantes de artes e culturas negras, a loja de disco Record Shack teve celebridades entre seus clientes como o genial e saudoso trompetista Miles Davies assim como o cantor Michael Jackson. Daí o porque do dono da loja de disco Sikhulu Shange não deixar dúvida ao afirmar categoricamente "Se os planos da prefeitura prosseguirem, para pobres e negros deixarão de existir autenticidade cultural e bem-estar (social) uma vez que a ilha de Manhattam será só para ricos e famosos".

*jornalista – é militante da corrente intra PT (Esquerda Marxista) e coordenador nacional de Organização e Formação Política do Movimento Negro Socialista (MNS).


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 

quinta-feira, 24 de abril de 2008

O PT e as alianças

PT itatiaense anuncia equivocada política de aliança em 2008 com o burguês PP!

*Almir da Silva Lima(almirptmacae@yahoo.com.br)

O apelidado governo de coalizão do presidente Lula – que significa governar muito mais para a burguesia que para o povo trabalhador - faz escola no Estado do Rio de Janeiro. Não bastasse o equívoco do PT por fazer parte do governo antipovo-trabalhador que é o de Sérgio Cabral Filho (PMDB). Agora, tal política de se aliar à burguesia é anunciada pelo PT do município sul-fluminense de Itatiaia. Nas eleições municipais de outubro vindouro, o PT itatiaense anuncia que abrirá mão de lançar candidatura própria a prefeito para apoiar a do empresário Luis Carlos Ypê, do burguês e centro-direitista Partido Progressista (PP). O anúncio ocorreu em 29/03 passado quando cerca de 80 pessoas participaram de encontro comemorativo dos 28 anos de fundação do PT.

O encontro serviu para selar acordo fechado no início do próprio de mês de março, uma vez que as conversações entre as partes foram iniciadas ano passado. Haja vista, embora o evento comemorativo tenha sido do PT dele participaram o próprio empresário Luis CarlosYpê que é o presidente municipal do PP além inúmeros pré-candidatos a vereador de outros partidos políticos burgueses como PSC e PSL. Também participaram o presidente municipal do PT em Itatiaia Mauro Eleutério, o pré-candidato a prefeito itatiaense do PT que desistiu César Stagi, filiados e pré-candidatos a vereador petistas, assessores do deputado federal Luis Sérgio (PT-RJ) e da Secretária de Assistência Social do governo estadual fluminense Benedita da Silva.

Única parlamentar presente ao evento, a deputada estadual petista Inês Pandeló deu o tom dos discursos, saudando a política de aliança do PT com a burguesia. Segundo a parlamentar "o PT itatiaense avaliou sua candidatura própria, decidindo se aliar à pré-candidatura de Luis Carlos Ypê para que a cidade tome um novo caminho para o desenvolvimento, sobretudo no setor que mais cresce no Brasil atual que é o do Turismo (...) Por isso quero dar meu apoio público à alternativa de quem entende do assunto que é o (empresário) Luis Carlos Ypê"; enfatizou a deputada. Seu discurso de apoio à burguesia foi seguido pelo presidente municipal do PT itatiaense Mauro Eleutério e pelo desistente pré-candidato a prefeito César Stagi.

Encerrando os discursos, o presidente do PP e pré-candidato a prefeito de Itatiaia o empresário Luis Carlos Ypê disse "Este apoio é muito importante para recuperarmos o município de Itatiaia porque vamos precisar ter as portas abertas em todos os lugares, seja do governo estadual seja do governo federal uma vez que esta aliança possibilitará esta abertura porque os partidos que estão juntos nesta aliança local, também estão juntos no plano estadual com o governador Sérgio Cabral Filho (PMDB) e no plano federal com o presidente Lula"; concluiu o empresário Ypê, posando para as fotos ao lado dos seguintes petistas, a deputada estadual Inês Pandeló, o presidente municipal itatiaense Mauro Eleutério e do ex-pré-candidato a prefeito Mauro Stagi.

*jornalista – é militante da corrente intra PT (Esquerda Marxista).


 


 


 


 


 


 


 

terça-feira, 22 de abril de 2008

QUANTOS “INSETOS SOCIAIS” EXISTEM NO RIO DE JANEIRO? A JUVENTUDE POBRE É O VETOR DA VIOLÊNCIA?


A ESQUERDA MARXISTA RECOMENDA

Para ler este importante artigo na íntegra, clique no link abaixo e acesse o Blog da Juventude Revolução do RJ:

http://revolucaorj.blogspot.com/2008/04/quantos-insetos-sociais-existem-no-rio.html

Saudações Socialistas!

Esquerda Marxista RJ

terça-feira, 1 de abril de 2008

A dengue no Rio de Janeiro


Epidemia!
Luiz Bicalho
Primeiro foi a febre amarela. Agora é a dengue. Osvaldo Cruz, que dirigiu o primeiro grande saneamento na então capital – Rio de Janeiro – do Brasil deve estar se revirando no tumulo. O Jornal O Globo de 31-03-08 mostra fotos da Lagoa, do autódromo e até de um cemitério com água servindo de criadouros de mosquitos. Pobre Rio.
Quanto tempo já se passou que o Presidente Lula garantiu que a saúde no Brasil estava melhorando? Quanto tempo se passou desde que o governador assumiu o governo do Rio e subiu as escadas de um hospital para provar que ele, sim, daria atenção a saúde? Quanto tempo desde que o prefeito Cezar Maia declarar que a saúde no Rio vai bem obrigado?
O único com saúde para dar e vender parece ser o mosquito. Claro que podemos comemorar. Podemos comemorar o fim dos tiroteios, pois bandidos e policiais correm mais dos mosquitos que das balas. E se um dia um poeta – Eliakim Araújo, se não me engano – cantou a defesa da Amazônia pelo mosquito da malaria, podemos agora glorificar o mosquito da dengue e da febre amarela por defender nossas crianças e adolescentes dos traficantes e das balas da policia.
Até um padre já disse a Cezar Maia que só rezar não basta. E os governantes rezam, pedem aos céus por melhores dias e melhores tempos, apelam para os anjos e para os deuses. E como estes, se existem, não estão lá muito interessados nestas coisas terrenas do dia a dia sofre o povo, morrem crianças e velhos, morrem em hospitais, em casas e até nas barracas de campanha que monta o exercito, como se o mosquito fosse o inimigo que deve ser abatido.
O que abateu a saúde do carioca e que mata seus filhos e seus avós (que as crianças e velhos são mais vulneráveis a dengue) é o descaso, a cupidez, a ignorância e a falta de um mínimo de cuidado que os governantes tem com o povo. O prefeito, o governador, o presidente, todos fingem que não é com ele, que a culpa é do outro. E vão uns e outros vivendo o seu dia a dia, brigando brigas intermináveis de disputas por verbas, espaço na TV e quem sabe por outro cargo, outro salário, outro lugar para seus filhos, irmãos, parentes e amigos (ou quem sabe seus cupinchas, mas isto já é falar com uma linguagem muito forte e eles coitados que só querem o melhor para si e para suas famílias será que merecem tanto?).
E o mosquito? Vai bem, obrigado. Manda lembranças de cada uma das poças que não foi visitada pelos mata mosquitos que Fernando Henrique demitiu, que Lula levou tanto tempo a readmitir que quando voltaram os mosquitos já eram tantos que não cabiam mais em um fusquinha e se tinham sido exterminados em 1950, agora voltavam com força total. E o prefeito também não queria os mata-mosquitos e os dispensou e Cabral também nisto nunca pensou ou não pensou seu secretario de saúde ocupado com outras saúdes e outros afazeres para pensar nestes pobres cariocas que tanto tem que sofrer.
Sim, vai bem a economia, os lucros de bancos, industrias, comércios, grandes fazendas (o agrobusiness) vão todos muito bem obrigado. Vão bem as multinacionais que nunca lucraram tanto e nunca enviaram tanto dinheiro para o exterior. Vão bem os planos de saúde que também voltaram a lucrar. Vai bem todo mundo que explora o trabalho alheio e que deste trabalho vive, vão bem os juros que continuam os mais altos do mundo e que fazem os americanos ricos tirarem o dinheiro do dólar e aplicarem no Brasil para que o suor e o sangue brasileiro paguem juros a este americano enquanto que lá o povo vive cada vez mais miserável como vive o povo daqui.
Sim, tudo vai bem, tudo vai ótimo como 2 e 2 são cinco. E o superávit primário foi o mais alto dos últimos anos e tanto gostaram os investidores.
E o povo vai sofrendo. Sofrendo no trem da central cada dia mais cheio. Sofrendo no metro nosso de cada dia cada dia mais cheio. Sofrendo e sacolejando em cada ônibus cada dia mais cheio e mais caro. E morrendo hoje de dengue esperando a dengue passar para voltar a morrer no tiroteio nosso de cada dia. Ate o dia em que para passar tudo isso a revolta e a raiva se transformem em uma revolução que varra toda esta sujeira e esta lama e construa um mundo novo onde possamos viver e amar e se divertir sem ter medo de mosquitos e balas.

domingo, 16 de março de 2008

O significado do 21 de março: Dia Internacional para Eliminação da Discriminação Racial

O significado do 21 de março: Dia Internacional para Eliminação da Discriminação Racial!

*Almir da Silva Lima

Instituída pela Organização das Nações Unidas (ONU) a data acima é uma oportunidade de analisarmos duas questões. 1º o porque desta instituição multilateral desde 2004 vir mantendo sua farsante Missão de Paz (sic) para Estabilização do Haiti (Minustah), sendo que tais tropas são comandadas pela brasileira. 2º o porque dela ser tão submissa ao imperialismo quando fecha os olhos para genocídios que ocorrem em países do continente africano! Comecemos pela Minustah: Em 2004 a ONU - já desgastada pelo populismo de criar protetorados mal-disfarçados de submissão ao imperialismo - tentou evitar mais um vexame depois dos Estados Unidos a atropelar com a invasão do Iraque! Para tanto ela se socorreu do prestígio internacional do presidente brasileiro Lula!

A Minustah é uma vitória do Senhor da Guerra, o presidente estadunidense Bush. Afinal, conforme diz ele convenceu seu "good boy" (bom rapaz) o presidente brasileiro e "sua" instituição multilateral. Desde a fundação em 13/05/2006, nós do Movimento Negro Socialista (MNS) propugnamos constituir um Comitê Internacional pelo retorno imediato de tais tropas de ocupação a começar pela brasileira! Haja vista, a data que intitula este texto deveu-se a um massacre de milhares de negros em 1960, em Sharpville (ex-África do Sul a atual Azânia) durante o já extinto regime racista de minoria branca Apartheid. Ademais, o Haiti é um país de ampla maioria negra que foi o 1º a fazer uma revolução, em 1804, que acabou com a escravidão e expulsou os escravocratas franceses.

Já em relação aos genocídios que são praticados em diversos países do continente africano, desde a fundação nós do MNS propugnamos a constituição de um Tribunal Internacional (autônomo) para julgá-los! Sobre tais crimes de lesa humanidade, as informações são as seguintes: De acordo com dados oficiais de 2007 da própria FAO (Fundação da ONU para a alimentação) que exclui o número de pessoas empregadas na aqüicultura; no mundo vivem direta e exclusivamente da pesca 35 milhões de pessoas (09 milhões somente no continente africano) aonde, através da costa dos oceanos Atlântico e Mediterrâneo, vem ocorrendo o fenômeno da fuga em massa para a Europa, causada pela rápida destruição de comunidades de pescadores.

Ainda sobre peixes: 66% do que é consumido em África é pescado em mar aberto e 77% em águas territoriais, sendo vital o controle do estoque para o aproveitamento e a segurança alimentar de suas populações. Riquíssimos em proteína, os peixes consumidos na Ásia representa 23,1% e 19% em África onde a criação em cativeiro representa 27% da produção mundial. A maioria dos países da região sub-saariana do continente africano se super-individou e vendeu seus direitos de pesca às multinacionais do Japão, Canadá e da Europa cujos navios de processamento devastam a fauna, mesmo em águas territoriais, pois a maioria dos governos da mencionada região africana não tem frota de patrulhamento nem meios de exigir respeito aos acordos firmados.

Por isso, os navios de processamento de tais multinacionais após usarem redes de malha estreita teoricamente proibidas o fazem inclusive fora do período de pesca autorizada quando congelam os peixes, os classificam e os transformam em farinha ou conservas para lucrativo faturamento nos mercados. Ex: Outrora rico país africano devido sua fantástica biodiversidade, Guiné-Bissau tem hoje a remanescente comunidade de pescadores bissagos que é explorada ao comprar a preços inflados, peixes enlatados de multinacionais da Dinamarca, Canadá ou Portugal. É de pouco menos de um bilhão de habitantes a atual população do continente africano. Uma idéia da gravidade dos genocídios que ali ocorrem: Entre 1972 e 2002, os subnutridos aumentaram de 81 para 203 milhões!

A causa central disso é a Política Agrícola Comum (PAC) imposta pela União Européia (UE). Ex: Só em 2006, os países industrializados (imperialistas) da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) concederam aos seus agricultores e criadores de gado e peixe, subsídios para produção e exportação de mais de 350 bilhões de dólares! Em resumo, a UE pratica protecionismo agrícola de forma sectária e cínica, resultando na sistemática destruição da agricultura alimentar do continente africano. Ex: No maior mercado atual de bens ao consumidor da África Ocidental, Sandaga, em Dakar, no Senegal pode-se comprar hortaliças e frutas de Portugal, França, Espanha, Itália, Grécia, etc pela metade ou até um terço do preço dos alimentos agrícolas locais.

O continente africano tem 52 países, 37 são quase totalmente agrícolas. Daí, por conseqüência do protecionismo agrícola praticado pela UE, muito pouco trabalhadores rurais ainda resistem, trabalhando na terra junto com suas mulheres e filhos em duras jornadas de até 15 horas. É o que fazem os "wolof" no Senegal, os "bambarg" no Mali, os "mossi" em Burkina e os "bashi" em Kivu. Além destas tragédias humanas e sociais há a opressão da "Frontex" (Agência da Europa encarregada de fiscalizar suas fronteiras). Seus chefes de polícia como os de Bruxelas (Bélgica) se caracterizam em combinar hipocrisia com exploração imperialista: Com uma das mãos organizam a fome; e com a outra criminalizam os refugiados do continente africano.

Esses crimes de lesa humanidade foram denunciados - não mais que isto – através da intervenção denominada Aminata Traoré em 20/01/2007 na cidade de Nairobi (Quênia) durante o Fórum Social Mundial (FSM). Este é o relato "os recursos humanos, financeiros e tecnológicos despendidos pelo imperialismo da Europa sobre os fluxos migratórios no continente africano são de guerra contra indefesos jovens rurais e urbanos cujos direitos à educação, informação econômica, trabalho e alimentação são confiscados em seus países de origem oprimidos por sistemáticos ajustes estruturais. Esses jovens não são responsáveis pelas escolhas e decisões macro-econômicas, mas sim vítimas que são caçadas, perseguidas e humilhadas quando buscam na emigração a saída".

O relato da Aminata Traoré conclui "em 2005 ocorreram ações sangrentas em países como Ceuta e Melila com milhares de vítimas entre mortos e feridos, assim como milhares de mortos aparecem periodicamente nas praias da Mauritânia, Ilhas Canárias (colônia espanhola no Atlântico próximo a Marrocos) e Lampedusa ou bóiam oceano afora. Todos são corpos de náufragos das emigrações forçadas e criminalizadas". Apesar de dramático, tal relato feito somente como denúncia; isto é, sem proposta-reivindicação concreta, não tem efeito prático. Haja vista a agravante de ter sido formulada em um evento sem a imprescindível independência dos oprimidos; pois o imperialismo é um dos financiadores do FSM através, dentre outras, das chamadas organizações não-governamentais.

*jornalista é militante da Esquerda Marxista (corrente intra PT) e coordenador-nacional de Organização e Formação Política do Movimento Negro Socialista (MNS).


 


 


 

sábado, 15 de março de 2008

A Pequena burguesia vai ao inferno

A Pequena burguesia vai ao inferno

Se a classe operária não chegou ao paraíso, agora é a pequena burguesia que desceu aos infernos. Sim, a burguesia pensa que a sua política de miséria, de morte, de repressão é coisa de favelados, dos "excluídos" nas palavras gentis de economistas e sociólogos, mas agora as noticias mostram que a pequena e média burguesia se enfurnam também nesta espiral de violência e roubo.

O Jornal o Globo (edição online de 14-03-08) mostra que a eleição de sindico de um condomínio na Barra da Tijuca, condomínio que movimenta um orçamento de 4 milhões anuais, está envolvida numa troca de acusações de roubo, perseguições, espancamentos. De onde vem isso?

Um dos candidatos a sindico é "ligado a entidades de transporte alternativo". Um bom eufemismo para explicar que João das Vans (o apelido do candidato) é um dos que exploram este tipo de serviço nada regulamentado. E a violência que a população pobre presencia chega a um condomínio fechado (e rico) da barra.

Claro, a burguesia quer esquecer que a miséria, o trafico de drogas, de armas e a prostituição que ela promove só atingem os pobres. Só eles são traficantes, só os seus filhos e filhas são prostitutos e prostitutas, só eles roubam. Eles esquecem os Renan Calheiros, as noticias de mensalão e outros que se espalham por jornais e TVs, eles querem fazer crer que os bilhões que são movimentados no trafico de drogas ficam nas favelas.

Agora a realidade bate dura na sua cara. E eles vão novamente fazer de conta que nada acontece, pois o que temem mais é o trabalhador organizado, lutando por seu salário e por um mundo melhor, que varra desta terra a burguesia e todos os seus males.

quarta-feira, 5 de março de 2008

Ventos de guerra


 

Ventos de guerra

Por Luiz Bicalho – Esquerda Marxista (RJ)

 

No primeiro momento, uma simples operação militar onde o governo da Colômbia anunciava mais uma vitoria militar contra as FARC. Depois, a noticia de que esta ação tinha sido conduzida em território Equatoriano em reação a ataque das FARC vinda de lá. Após a noticia de que os mortos estavam dormindo e que o exercito colombiano havia abandonado 15 corpos e três mulheres feridas. E os ventos da guerra começaram a soprar.

Os fatos: as formas armadas da Colômbia invadiram o país vizinho, o Equador, sem pedir permissão e inclusive sem comunicar antes ao País. O acampamento da guerrilha, onde estava o dirigente das FARC responsável pelas de libertação dos reféns (Raul Reis) foi monitorado por satélites americanos durante uma ligação telefônica celular, apontado para o exercito colombiano, que destruiu o acampamento com aviões (foguetes e metralhadoras) e depois as tropas invadiram para pegar o cadáver de Reis e aprender documentos e computadores. Isto, em qualquer manual de guerra, é um ato de agressão, é começar uma guerra. Os argumentos de que são terroristas e podem ser caçados em qualquer lugar é exatamente o argumento dos EUA para invadir o Iraque, é o argumento para justificar a não aplicação de leis na prisão de pessoas sem direito a justiça, seja em Guantánamo ou no Iraque e Afeganistão. O argumento é o mesmo de Israel aonde um Ministro chega a declarar que é necessário praticar um Holocausto sobre o povo Palestino (Holocausto é o nome dado pelos judeus ao ato de Hitler de determinar o extermínio do povo Judeu. Agora é usado pelo estado sionista contra os palestinos...). Para justificar a invasão do território equatoriano, o governo colombiano vem citando as resoluções 1368 e 1373 do Conselho de Segurança da ONU, que deram respaldo, em 2001, a invasão do Afeganistão pelos EUA.

Na reunião da OEA, O embaixador colombiano na Organização dos Estados Americanos (OEA), Camilo Ospina, pediu desculpas pelo bombardeio que matou o dirigente guerrilheiro Raúl Reyes, mas afirmou que o objetivo era combater uma "máfia narcotraficante" e que seu país tem "sérios indícios" de que há outros acampamentos das Farc no Equador. Ou seja, ameçou fazer outra invasão.

Os fatos: O presidente Chávez se sente ameaçado e determina a mobilização do Exercito. Os jornais procuram dizer que é mais um ato de loucura de Chávez. E na madrugada de segunda as notas das agencias de noticias começam a pipocar na Internet. A 1h da manha chega a noticia que a Colômbia pede desculpas ao Equador. As 2h da manhã o chefe de Policia da Colômbia declara que encontraram provas entre os guerrilheiros de que haveria encontros entre o guerrilheiro morto e autoridades do governo do Equador, portanto o governo do Equador apóia as Farc. No correr da segunda se ampliam os ataques dizendo que Chaves destinou 300 milhões para as FARC e também fuzis. O chefe de policia da Venezuela mostra provas que o irmão do chefe de policia da Colômbia foi preso na Alemanha por trafico de drogas.

Os fatos: uma declaração de que o governo da França encontrara o guerrilheiro morto para tratar da libertação de reféns é tratada de forma menor na imprensa. O governo americano apóia o governo da Colômbia. Os jornais noticiam que um alto chefe militar americano visitou a Venezuela dois dias antes do ataque.

A droga e o imperialismo

A situação na Colômbia se deteriora já faz muitos anos. Apesar de alguns acharem que o trafico de drogas é mafioso (e ele é) e que por isso não obedece as leis gerais do capitalismo, a situação na Colômbia mostra justamente o contrário. Há muito tempo que se fez da Colômbia um ponto de produção da cocaína, desde a plantação até o refino. E a maioria desta produção é exportada para os EUA. O fato de não existir concorrência levou a construção de verdadeiros bilionários, de cartéis que disputavam o mercado entre si. Só que o mercado começou a produzir os seus sucedâneos, as drogas sintéticas, e a lei da oferta e procura levou o preço da cocaína ao preço normal de qualquer produto: o tempo de trabalho necessário para a sua produção e transporte até o mercado consumidor. E o dinheiro que inundava a Colômbia diminuiu e a guerra fratricida que divida a Colômbia e que atingia, antes de tudo, os dirigentes sindicais que morriam mais que morria a maioria da população tornou-se maior.

Dos diferentes grupos guerrilheiros que atuavam, sobraram as FARC que de grupo que aspirava ao poder passa a exigir uma "zona desmilitarizada", uma zona onde eles seriam o governo. De outro lado, o Estado "tradicional" se dissolvia e se criavam unidades paramilitares que "combatiam" as guerrilhas, mas na verdade funcionavam como verdadeiras milícias fascistas que atacavam toda e qualquer organização da classe trabalhadora.

A eleição de Uribe vem mudar este quadro. Ele faz um programa de erradicação sob o comando dos EUA, que integra ao Estado as milícias vindas dos grupos paramilitares e retoma para o Estado o monopólio da violência. Isto tudo é feito em nome do combate a drogas, mas neste estado e neste quadro são integrados os antigos dirigentes e financiadores dos grupos paramilitares, em particular os traficantes – melhor dito, uma parte destes traficantes que utiliza a sua posição no aparelho de estado para desarticular e destruir os grupos de traficantes rivais.

A guerrilha não é a solução

Nós, marxistas, sabemos que guerrilhas não são a forma de organização da classe trabalhadora. E que depende da classe trabalhadora uma revolução. A existência de guerrilhas só justifica a repressão do Estado. Nós sabemos que em determinada situação a classe trabalhadora, reagindo, pode ser levada a utilizar a violência. As revoluções que derrubaram os governos do Equador, da Bolívia, da Argentina mostram justamente isto: frente à miséria, frente à repressão a classe trabalhadora se organizou e derrubou governos. O que faltou foram partidos revolucionários que organizassem a classe para que ela tomasse o poder. Nós estamos fazendo justamente o trabalho de construir estes partidos, sem cairmos no aventureirismo da guerrilha que não consegue resolver nem ajudar a resolver este problema.

Sejamos claros: nós combatemos todos os governos capitalistas, em particular governos como o de Uribe, ditatoriais e repressivos. Combatemos e faz muito tempo governos como o governo sionista de Israel que utiliza o método de assassinatos seletivos contra o povo árabe. Agora, da mesma forma que somos solidários ao povo árabe frente à agressão sionista, que somos favoráveis ao direito ao retorno dos árabes na palestina, somos favoráveis a uma reforma agrária que dê terra aos camponeses na Colômbia, que exproprie os latifundiários. Isto significa apoiar a Al Fatah na Palestina ou as FARC na Colômbia? Não, definitivamente não. A origem das FARC, o fato de nascerem do Partido Comunista da Colômbia, não os exime de critica. Apesar de se declararem marxistas-leninistas, o que fazem nada tem de comum com Marx ou com Lênin. Lênin combateu duramente aqueles que saíram das fileiras do bolchevismo e quiseram implantar uma guerra de guerrilhas como solução para a derrota da revolução de 1905 na Rússia. As FARC argumentam que frente a uma ditadura não existe outra solução que as armas nas mãos. Mas a historia da revolução russa de 1917 mostra o contrário. A derrubada das ditaduras na America Latina mostra o contrário: foi o renascimento do movimento operário no Brasil, com o método das greves e manifestações que derrubou a ditadura. A palavra de ordem dos guerrilheiros de 68 no Brasil – "só o povo armado derruba a ditadura" levou na realidade a que a juventude mais mobilizada, mais consciente fosse massacrada pela ditadura. E foi o renascimento do movimento operário, as greves do ABC que deram surgimento a um partido operário e derrubaram a ditadura.

Como combater pela paz?

Bush, declarou seu "total apoio" ao chefe de Estado da Colômbia, Álvaro Uribe, e acusou o governo venezuelano de Hugo Chávez de realizar "manobras provocativas" contra a Colômbia. O imperialismo sabe o que quer: pressionar pela destruição da revolução venezuelana "em nome da paz".

O povo colombiano está seguramente cansado de anos desta guerra sem tréguas, da guerra entre quadrilhas, paramilitares, guerrilha. Guerra em que o povo, os dirigentes sindicais, os trabalhadores perdem a vida e que alguns poucos nas mansões de Bogotá e de Miami enriquecem e vivem. O povo Venezuelano, o povo do Equador não deseja a guerra. Sim, nós sabemos, é o governo títere de Uribe o responsável. Mas, como lutar pela paz, como lutar pela unidade dos trabalhadores contra o imperialismo? Antes de tudo é necessário confiança no movimento operário, nos trabalhadores que eles pelo seu próprio movimento derrubarão, mais cedo ou mais tarde, a ditadura de Uribe. É o movimento operário que está hoje na vanguarda da revolução venezuelana, é ele que vai garantir a continuidade da revolução lá. E é do movimento operário que sairão as forças para impedir a guerra e derrotar Uribe.

Nós convidamos todos a lutarem contra a intervenção do imperialismo em nossos países. Convidamos a todos a se juntarem conosco na campanha de tirem as mãos da Venezuela. A repudiarem a agressão do governo fantoche de Uribe contra o Equador e as agressões verbais contra o mesmo Equador e contra a Venezuela. O momento é grave. O tempo urge e urge a tomada de medidas urgentes para impedir o alastramento da situação e o inicio real da guerra.

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

I Congresso da Juventude do PT


A etapa municipal (de Caxias) do I Congresso da Juventude do PT, provavelmente ocorrerá nos dias 05 e 06 de abril. Congresso esse que reunirá os petistas até 29 anos para discutirem as lutas e reivindicações da juventude.
.
Convidamos todos os jovens Para lerem, assinarem e contribuírem com a tese da Juventude Revolução (JR) da Esquerda Marxista. Acessem o Blog da JR-RJ: http://revolucaorj.blogspot.com/2008/02/tese-da-juventude-revoluo-ao-i.html
.
Entre em contato conosco!
.
Flávio Almeida
(21) 2699-3061
(21) 9441-5809

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

A farsa do fim da dívida externa

Texto de Luiz Bicalho

Um ano após a sua posse (2005), o governo Lula anunciava com estardalhaço que havia liquidado a dívida com o FMI. Bem ao contrário do que propunha o programa inicial do PT (suspensão do pagamento da dívida externa) e da CUT (não pagamento da dívida externa), o que o governo havia feito era simples: havia pago a chamada dívida com os organismos governamentais (FMI - um valor de 15,5 bilhões de dólares, pagos adiantados e Clube de Paris, 2,6 bilhões de dólares em 2006), seguindo ainda existindo a dívida externa com os credores particulares. Mas a farsa colou durante algum tempo e até dirigentes sindicais repetiam que Lula havia acabado com a dívida.

Em termos gerais, a dívida externa do Brasil era naquele momento menor que 200 bilhões de dólares, enquanto que a dívida interna (dívida pública) ascendia a quase 900 bilhões de reais. Como assim? A dívida interna maior que a externa?Isso foi o resultado da política preconizada pelo FMI nos anos 80 e 90, quando a maioria das chamadas dívidas externas dos países atrasados da América Latina foram transformadas em divida interna, através de uma série de mecanismos, o principal deles a venda de títulos da dívida pública, onde o dinheiro era usado para se comprar dólares e "liquidar" a dívida externa. Em outras palavras, a dívida externa que se sabia ser toda dos grandes bancos se transforma em dívida interna, em dívida pública. Completava o esquema uma série de mecanismos que davam acesso a qualquer um a compra de um título de dívida do governo (por exemplo, o que aqui se chama de "tesouro direto"), permitindo que tenha 200 reais, se quiser, compre um título e se torne "credor" do governo. Mas, os maiores credores continuam sendo os bancos, 3 ou 4, estrangeiros ou "nacionais" com participação de capital estrangeiro (com ações vendidas em bolsas), que continuam, via este mecanismo, "financiando" o governo e o País. Todos os anos o Brasil faz um "lançamento" de um novo título no mercado (inclusive externo) fazendo uma "captação".

A dívida interna do governo Lula cresceu de 900 bilhões de reais (na época, quase 380 bilhões de dólares ou euros, que praticamente se equivaliam) para 1 trilhão e 300 bilhões de reais hoje (aproximadamente 720 bilhões de dólares ou 500 bilhões de euros). Qual o significado disso? O governo usou este dinheiro, o dinheiro do "endividamento interno" e do chamado "superávit primário" (dinheiro que se economiza do orçamento, usado para pagar a dívida ao invés de se investir em educação, saúde, segurança, moradia, etc) para construir "reservas internacionais". Em 2003 as chamadas "reservas" eram no valor de 16,3 bilhões de dólares, hoje montam a quase 200 bilhões (entre 185 e 195 bilhões de dólares). Estranhamente para qualquer um que esteja fazendo esta "economia", o governo recebe de juros do governo dos EUA (somos o quarto maior credor do governo norte-americano) o valor de 3,5% de juros (valor determinado pelo Banco Central – FED – americano) e paga aqui juros de 11%. Ou seja, o governo brasileiro pega dinheiro com os bancos (americanos) para ajudar o governo dos EUA! Sim, um excelente negocio para a burguesia americana e um ótimo guarda-chuva político para todos que querem continuar acreditando em contos de fadas – que o "Brasil" (leia-se governo brasileiro) é credor e não devedor!

E quem paga a conta, afinal? Pagamos a conta todos nós, trabalhadores e povo pobre, em cada hospital sucateado, em cada escola caindo aos pedaços, em cada um que morre debaixo das balas de uma polícia cada vez mais violenta. Nós pagamos a conta e Lula alardeia que o Brasil tem superávit. O mundo gira e os trabalhadores continuam no mesmo lugar: pagando a conta de uma burguesia avara. E o Brasil continua, ao contrário das lendas, no mesmo lugar de antes: um pais que chegou atrasado ao desenvolvimento capitalista e, por isso, continua sendo dominado pelas grandes empresas, pela grande burguesia internacional (dona da maioria das grandes empresas) que comprou até a Bolsa de Valores de SP. É possível termos uma independência de verdade? Sim, é possível, mas passa por os trabalhadores constituírem um governo seu, expulsando a burguesia e seus colaboradores do governo e decretando o fim imediato do pagamento da dívida externa e interna.

 

quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

A crise chegou?

Luiz Bicalho – janeiro/2008

No ano passado, durante uma das quedas da bolsa, o Presidente Lula anunciou que a crise não chegaria ao Brasil. Agora, em janeiro, os "analistas" de plantão nos principais jornais do mundo estão divididos, meio a meio, entre aqueles que acham que a crise não abalará as economias "emergentes", como Brasil, India e China e aqueles que acham que os efeitos da crise serão menores nestes países. Ah, sim, todos concordam que a crise está chegando ou já chegou.

Se fossemos medir a vida diária pelos solavancos das bolsas de valores, a vida sofreria impactos violentos. Um dia a bolsa sobe, no outro dia cai mais ainda. Mas, existe uma tendência e a tendência é a queda dos valores das ações (a perda de valor na bolsa brasileira chega a 400 bilhões de reais, ou seja, 10 vezes mais que o governo arrecadaria com a tal da CPMF). Cada subida é seguida por uma queda maior, onde se misturam boatos, conversas, meias medidas, medidas inteiras tomadas por governos e banco centrais, onde tudo é cada vez mais volátil e nada é seguro. A melhor coisa que todos os analistas dizem aos clientes que compraram ações é "não venda"...e eles continuam vendendo. Mais de 4 bilhões de dólares de capital estrangeiro tinham saído da bolsa de valores de São Paulo no começo deste ano.

Simplificando o que dizem os analistas, para eles toda a origem da crise é o fato de que empréstimos feitos com poucas garantias para compra de casas nos EUA (e, atenção, este mesmo tipo de empréstimo foi feito na Europa) não foram pagos; Para garantir os bancos e investidores, estes emprestimos tinham sido empacotados pelos bancos e transformados em "fundos" que foram vendidos para outros bancos nos EUA e no mundo inteiro, ou seja, tomava-se dinheiro do mundo inteiro para emprestar aos compradores de casa nos EUA; tinham sido contratados seguros de bancos e empresas no caso dos empréstimos e dos fundos não serem pagos. E o problema, ainda segundo os analistas, é que as próprias seguradoras não conseguiram segurar a onda porque o numero de empréstimos não pagos foi alto demais.

Tudo isso é verdade? É. Mas este não é o único problema, o problema real é a forma como o capital vem sendo reproduzido, forma essa que é conseqüência do desenvolvimento do capitalismo e não pode ser mudada por ações de bancos centrais ou tomada de decisões de governos. Sim, olhar o obvio, como fazem todos estes analistas equivale a levantarmos de manhã, vermos as nuvens escuras e decretar: vai chover. Mas, no dia anterior, para saber o tempo no dia seguinte, os meteorologistas, armados com as teorias sobre a variação climática, escolhem e recebem os dados de satélites e estações de medição, tem que correlacionar estes dados com as teorias conhecidas sobre mudanças de tempo e então fazer uma previsão com uma determinada precisão: há 80% de chance de chover.

Na economia, poderia valer uma situação destas. Mas, aqueles que tem os dados, os economistas e banqueiros dos grandes bancos, dos bancos centrais, não tem o essencial: a teoria. E os que tem a teoria, por serem os combatentes mais renhidos contra o sistema, por saberem que o melhor guarda-chuva que nos protegerá das tempestades e furacões capitalistas é a luta encarniçada pelo socialismo, nunca conseguem todos os dados necessários. Assim, trabalhamos com o pouco que vem a tona durante as crises e com os dados soltos nos balanços e analises dos economistas burgueses.

E de onde partimos para buscar os dados? A começar que o sistema capitalista é movido pela busca do lucro, de aumentar a taxa de lucro, da competição entre os diferentes grupos e capitalistas nesta busca. Que o lucro advem da exploração da força de trabalho, do trabalho não pago (mais valia), que para ser realizado é necessário produzir e vender e, após a sua realização é distribuído – no lucro industrial, nos impostos, nos juros e dividendos pagos a bancos, etc. Esta é a base real sobre a qual se estrutura a economia e sobre a qual o desenvolvimento capitalista chegou a um estágio tal em que luta pelos dividendos e juros se torna brutal e é onde se concentra uma boa parte da competição capitalista.

Os analistas burgueses de plantão se perguntam quando a crise chega as bolsas: esta crise vai afetar a economia real? Ora, ora. Einstein dizia que o problema da ciência não é obter as respostas, mas saber fazer as perguntas. A pergunta real é: quais foram os acontecimentos na economia real que levaram a esta crise nas bolsas? E, a partir daí, quais as conseqüências?

A economia capitalista salvou-se da crise dos anos 20-30 do século XX fazendo a maior carnificina já vista pela humanidade: a II Guerra Mundial, onde disputaram os mercados os diferentes imperialistas, assim como disputaram o direito de invadir a URSS, destruir o estado operário e reconquistar este espaço para o capital. O resultado da guerra foi que o vencedor, os EUA, impuseram aos vencidos a sua moeda e o seu mercado. O dólar foi artificialmente ligado ao valor do ouro e todo o comercio mundial passou a ser feito em dólar. Ao fim da II Guerra os EUA produziam entre 40% a 50% dos bens mundiais.

Mas a guerra teve outra conseqüência. A revolta da classe operária levou a revolução operária a uma altura não vista antes. A ocupação do leste europeu pela exercito vermelho levou a expropiação do capital nestes países. A Revolução Chinesa muda a face da Ásia. Cuba faz uma revolução. E se a revolução não chegou aos países "ocidentais", aos países imperialistas, isso se deu pela ação dos partidos comunistas e socialistas que frearam e impediram este desenvolvimento. A IV Internacional fundada por Trotsky revelou-se fraca demais – numérica e politicamente - para conseguir ajudar a impulsionar e concretizar estas revoluções. No final dos anos 50, inclusive com uma imensa propaganda e ação anti-comunista nos EUA (MacCarthy) a revolução tinha sido freada, mas não derrotada. A economia crescia a ritmos galopantes, reerguendo-se por cima dos escombros da II Guerra, reconstruindo com base em créditos governamentais garantidos pelo Tesouro dos EUA (que concentrava em suas mãos praticamente todo o ouro mundial), reconstruída na base das industrias de guerra animadas pela paranoia anti-comunista e pelas guerras reais que o imperialismo deflagrava no mundo para impedir o avanço da revolução – Coreia, Vietnã, Africa, Oriente Médio...

O capitalismo crescia novamente, em um estado de podridão como nunca havia feito antes, onde os pés de barro de um mercado financeiro que cada vez tomava ares maiores frente a produção real eram escondidos pelos números tronitantes da economia. Esse crescimento era, naturalmente, sentido pela classe operária que buscava lutar por seus direitos, que tinha conquistado imensos direitos quando a burguesia no final da guerra entregou os anéis para salvar os dedos e levou a revolução de 68 que percorreu o mundo como um jato de ar fresco, tanto no Oeste como no Leste europeu, na França e na Tchecoeslováquia. Novamente, a revolução foi derrotada com a ajuda dos partidos comunistas e socialistas, mas a economia do dólar começava a entrar em declínio. A produção reconstruída da Europa e do Japão já dava seus ares no mercado mundial e em 71 finalizava-se a paridade artificial ouro-dolar e em poucos anos o dólar desvalorizava-se a olhos vistos. De 30 dolares a onça (uma medida de peso) chegou hoje a quase 900 dolares, 35 anos depois do fim da paridade, uma multiplicação por 30! O dinheiro desvaloriza-se, a produção dos EUA hoje representa algo em torno de 25% da produção mundial. E o estalinismo conseguiu, enfim, destruir o estado operário e trazer o capitalismo de volta a URSS no inicio dos anos 90. Isso criou um novo fôlego ao capitalismo, fustigado pelas revoluções políticas no leste europeu durante os anos 80 e pela retomada das revoluções na America Latina, do qual a Venezuela é uma continuação algo atrasada.

A destruição do estado operário Russo, da URSS foi o maior desastre da história da humanidade. A expectativa de vida baixou bruscamente, a produção caiu mas...o lucro subiu. E para o capitalismo isso é tudo. A entrada do capitalismo na China, feita de uma forma "controlada" pela burocracia do PC Chinês, permitiu ao lado da destruição da URSS um novo fôlego a economia capitalista empodrecida com o crescimento realizado na forma de investimentos improdutivos – armas, drogas, prostituição – e na sustentação cada vez maior de um "mercado" de produtos "financeiros" onde o lucro parece estar descolado da produção.

O problema é que os investimentos reais, financiados por esta ciranda financeira, não deram os lucros esperados. A guerra do Afeganistão não conseguiu construir o gaseoduto gigante para exploração do gás natural existente nas republicas nascidas com o fim da URSS no sul da Russia. A invasão do Iraque não conseguiu retomar a produção de petróleo. E o crédito que foi feito pensando-se nos lucros de tais operações não foi pago. O resultado – uma crise que é contabilizada como "crise de crédito", como se nada tivesse a ver com operações bem reais de investimento capitalista que não deram certo (pois a guerra é o melhor investimento quando se trata de conquistar mercados).

A crise chegou? Começou, embora não disponhamos de todos os dados para saber até onde vai. No momento em que escrevemos estas linhas o segundo maior banco francês Société Générale informou que uma fraude relacionada à atividade de um operador irá resultar em uma perda de 4,9 bilhões de euros (cerca de US$ 7,1 bilhões). O governo Frances declara que isso "nada tem a ver com a crise". Mas no momento em que as perdas dos bancos concentram as crises, isso não levará a um aceleramento da crise?

Não temos e não podemos ter todas as respostas. Sabemos que o capitalismo sempre poderá achar novas saídas. O Brasil mostra isso – o crescimento econômico chegou a 5% o ano passado e a massa salarial cresceu 3%, ou seja, aumentou a parte devida a burguesia. Esta será sempre a saída capitalista – destruir uma parte, desempregar, aumentar a exploração. Num caminho sem volta em direção, não diretamente, mas numa espécie de espiral mal desenhada, com solavancos, em direção a barbárie, a destruição da civilização e da própria espécie humana que o chamado "aquecimento global" prenuncia. O remédio é amargo, mas deve ser menos amargo que a guerra do trafico que assolar os morros do Rio de Janeiro: é organizar a classe operária e fazer uma revolução que varra o capitalismo e seus males da face da terra.

quinta-feira, 17 de janeiro de 2008

Um remendo sem justificativa

O Jornal Estado de São Paulo, edição de 14 de janeiro de 2008, explica em uma matéria sobre um possível plano do governo de recriar a CPMF:

A perda de R$ 40 bilhões de receita este ano com o fim da CPMF impedirá o presidente Luiz Inácio Lula da Silva de lançar o PAC da Saúde, que previa a destinação adicional de R$ 24 bilhões para a área até 2011. Este ano, o plano era aplicar mais R$ 4 bilhões.

Para que possamos gravar bem os números: o governo alega ter perdido 40 bilhões com a CPMF. E a "area economica" do governo propõe recriar a CPMF para garantir mais 4 bilhões? Afinal, quanto se gasta com a saúde e quanto seria necessário? A matéria do jornal prossegue na explicação:

A área econômica já avisou ao relator da proposta orçamentária de 2008, deputado José Pimentel (PT-CE), que os recursos para as ações e serviços públicos de saúde serão aqueles definidos pela Emenda Constitucional 29: o montante executado em 2007 corrigido pela variação nominal do Produto Interno Bruto (PIB). Isso significa que a área terá R$ 47,8 bilhões este ano.

"Com esse dinheiro, o ministro José Gomes Temporão (da Saúde) não paga os compromissos de seu ministério", disse ontem o deputado Darcisio Perondi (PMDB-RS), presidente da Frente Parlamentar da Saúde no Congresso, que é integrada por 24 senadores e 246 deputados. "É preciso garantir, no mínimo, mais R$ 6 bilhões.."

Não pretendemos aqui contestar os números do governo ou dos deputados de sua base (o PMDB integra a base do governo). Mas, no mínimo é estranho que o governo fale que necessite de mais "4 bilhões" (10% do orçamento atual) para o PAC saúde e um deputado fale que o Ministério para continuar a funcionando necessitaria de mais "6 bilhões". Então, qual a conta? 4 bilhões? 6 bilhões? A soma dos dois (necessidade de funcionamento, 6 bilhões e investimentos, 4 bilhões) 10 bilhões?

Qualquer que seja a conta, a realidade está muito distante daquilo que o governo falava: preciso da CPMF para garantir o funcionamento da saúde. A explicação, que nenhum deputado ou senador quiz dar na época, é que a CPMF, junto com a Contribuição Social sobre o Lucro Liquido (CSLL) integram o orçamento da chamada Seguridade Social (Saude, Previdência e Assistência Social). É isto que diz a constituição federal e as leis. Fazer as contas como deveriam ser implicava em reconhecer, em primeiro lugar, que nunca existiu o tal débito da Previdência que levou a famosa Reforma Previdenciária de Lula (depois da Reforma de FHC). Fazer as contas implicava em reconhecer que a atividade economica encontrava-se em alta e este orçamento era mais superavitário que nunca!

O governo fez as contas, mas não fez as contas só economicas. Lula declarou por ocasião da derrota da CPMF que isto não impediria o governo e que não necessitava de nenhum pacote. Mas, ele fez um pacote. Porque?

A verdade é que a discussão serviu como uma luva para Lula criticar a oposição e justificar os problemas da saúde jogando-os nas costas da oposição. Que também faz o seu papel, assumindo sua "responsabilidade" e não explicando a verdade: o dinheiro da CPMF era utilizado para o pagamento dos juros da dívida, para o tal do superavit primário, para onde vão a maior parte dos recursos do governo. Enquanto que a Saude terá este ano um orçamento de 47 bilhões (Emenda 29, que "garante" os recursos da saúde), o pagamento de juros vai consumir algo em torno de 160 bilhões (4 vezes mais!). Sobre isso, oposição e governo concordam: é preciso garantir o superavit primário, é preciso garantir o dinheiro dos especuladores e banqueiros. Aos coitados que sofrem e morrem nas filas dos hospitais públicos, que morrem agora de febre amarela, o Ministro Temporão tem a explicar: "não é um epidemia, não se assustem".

Mas o governo quer mais, modifica alguns valores de impostos e explica, novamente, que é para "resolver o problema da saúde". Quais foram estas modificações?

Neste novo plano, será aumentada o IOF (Imposto sobre transações Financeiras) e a CSLL (Contribuição sobre o Lucro Liquido) dos bancos. Como isto atingirá o comum dos mortais?

Em primeiro lugar, devemos notar que uma parte dos trabalhadores, os que ganhavam até 3 salários mínimos eram isentos da CPMF, tendo para tanto um desconto na alíquota do INSS. Ou seja, o fim do CPMF é "neutro" para estes trabalhadores, nem ganham nem perdem. Com o aumento do IOF eles, isso sim, passam a pagar mais por qualquer empréstimo que fizerem (medida que vai repercutir na taxa de juros)

Depois, para um grande numero de trabalhadores que hoje depende dos cartões de crédito e de empréstimos pessoais para o dia-a-dia, será como se quase nada tivesse acontecido: o fim do CPMF é "compensado" com o aumento do valor dos juros dos empréstimos.

Os bancos aumentarão taxas e juros por conta do aumento da CSLL? Precisa se ver o futuro. O lucro bancário está muito alto e, de qualquer forma, estes valores retornam aos bancos via pagamento de juros…Já ontem, o jornal O Globo fez um estudo mostrando que os 10 maiores bancos tinham aumentado suas taxas de juro nos empréstimos pessoais.

De qualquer forma, o fim da CPMF "justifica" os problemas pelos quais passa a Saúde, que não vieram deste fim. Aliás, a saúde pública encontra-se na UTI faz tempo e a manutenção do CPMF não teria modificado nada, já que a política para o setor (Municipalização, destruição dos serviços nacionais, etc) levam a destruição e sucateamento da saúde. Como partimos de um quadro já ruim, o que temos é o verdadeiro caos que atinge as grandes cidades como Rio e São Paulo no atendimento emergencial, no incêndio do Hospital das Clinicas de São Paulo, no escândalo das mortes que poderiam ser evitadas se houvesse médicos, equipamentos e medicamentos no momento em que doentes chegam em postos de saúde e hospitais. Para não dizer que mentimos, a febre amarela ressurge em …Brasília, na capital do País!

Isto sem falar nos que morrem sem ter conseguido chegar no hospital ou nas datas de atendimento, os que morrem por falta de medicamentos, os que morrem porque não tem datas para se marcar cirurgias e tratamentos.

Sim, a discussão no Congresso, nos jornais, é sempre quanto se tem de dinheiro, se tem mais impostos ou não. Para os que sofrem e morrem nos hospitais e postos de saúde cada vez mais sucateados, esta discussão parece estar no limbo.

Seriam possíveis outras medidas? A CUT, por exemplo, explica:

Com o fim da CPMF, os 40 bilhões previstos para 2008 deixam de ser arrecadados, comprometendo investimentos em áreas sociais importantes para o conjunto da população, sobretudo a saúde, a previdência e os programas sociais, como o Bolsa-Família.

Num manifesto público assinado por Emir Sader, o economista Reinaldo Carcanholo, Dom Thomas Balduino (CPT), Luis Bassegio (Grito dos Excluídos) senador Marcelo Crivella (Igreja Universal), João Pedro Stedile (MST), Luana Bonone (executiva da UNE) e José Antonio Moroni (direção da Abong), Plinio de Arruda Sampaio (PSOL) é explicado:

As classes ricas do Brasil se articularam com seus políticos no Senado Federal e conseguiram derrubar a CPMF, depois de sua renovação ter sido aprovada na Câmara dos Deputados.

A CMPF era um imposto que penalizava os mais ricos e 70% provinha de grandes empresas e bancos. Sua forma, impedia sonegação, e permitia que a Receita Federal checasse as movimentações financeiras com o imposto de renda, evitando fraudes e desvios.

Se a CUT não vai tão longe (diz que o CPMF era usado para o orçamento da seguridade social, o que não era verdadeporque governo após governo repetiam o "déficit" da previdência que só "existe" porque a CPMF nunca foi contabilizada na seguridade social), Plinio de Arruda Sampaio, Stedile e Marcelo Crivella vão: "imposto que penalizava os mais ricos". Nunca foi. A CPMF era cobrado de todos, no valor igual de 0,38%. Portanto, um pobre que comprava um pão ou um rico que comprava o seu champagne, todos pagavam o mesmo valor. Mais, as mercadorias importadas – que são consumidas mais pelos ricos – pagavam o valor na sua compra e venda (0,38% em cada operação). A fabricação de um pão pagava o valor em cada etapa – na compra do trigo, nos salários, no aluguel da padaria, em cada insumo, na energia. Ou seja, o imposto atingia mais fortemente mercadorias fabricadas aqui (que é o que consomem os trabalhadores) que os importados (consumo maior dos ricos). Resumindo, o imposto penalizava sim, mais fortemente os pobres.

Posteriormente, a CUT continua:

O aumento da taxação dos lucros dos bancos atende a uma reivindicação antiga dos movimentos sociais. Continuaremos na luta por políticas que pesem sobre os impostos diretos que taxem os ricos, como a constituição de uma nova estrutura da Tabela de Imposto de Renda e o aumento do hoje inexpressivo Imposto Territorial Rural - ITR; o aumento da taxação sobre a herança e a regulamentação do Imposto sobre Grandes Fortunas, conforme já previsto na Constituição Federal de 1988.

Deveriamos precisar: junto a isto é necessário o tabelamento dos juros e de taxas, que impedissem o repasse deste imposto aos trabalhadores. Mas são justas as demais reivindicações, particularmente quanto o numero de milionário brasileiros, pelo segundo ano consecutivo, cresceu mais de 40%! Aumentar a tabela do imposto de renda para os mais ricos e diminuir dos que ganham salários (a reivindicação histórica da CUT é que quem ganha abaixo de 10 salários mínimos não paga este imposto) é justo, assim, como aumentar o ITR e criar o imposto sobre Grandes Fortunas.

Mas o Manifesto de Plinio de Arruda Sampaio, Stedile e Marcelo Crivella, o Manifesto que junta o PSOL, o MST e a Igreja Universal vai em outra direção, vai na direção do puro governismo (no que Marcelo Crivella acerta, já que seu partido faz parte da base de sustentação do governo):

Agora, o Governo Federal tomou a iniciativa de aumentar o imposto sobre operações financeiras (IOF),o lucro liquido dos bancos e retornou o imposto sobre remessa de lucros pro exterior. Foi uma medida acertada e justa. Pois atinge os mais ricos e sobretudo os bancos, o sistema financeiro e empresas estrangeiras

Já explicamos que o aumento do IOF vai atingir justamente os mais pobres (que ganham menos que 3 salários mínimos), pois eles antes não pagavam o CPMF e agora terão que pagar o IOF em qualquer empréstimo que fizerem (os famosos créditos para comprar produtos populares de que Lula tanto se orgulha). Já atingiu o crédito consignado dos aposentados. Mas, se Crivella continua na sua velha posição, Stedile e Plino de Arruda inovam:

Defendemos que a redução de gastos públicos, tão exigido pela direita, sejam feitos no superávit primário e no pagamento dos juros das dividas que representam uma enorme transferência de recursos para meia dúzia de banqueiros.

Redução no superávit primário e no pagamento dos juros? E onde foi parar a bandeira histórica de todos os trabalhadores de não pagamento da dívida? De grão em grão a galinha enche o papo, já dizia um velho ditado popular e se começamos a apoiar as medidas do governo sem refletir terminamos...apoiando o pagamento da dívida (com redução, é claro...).´

No Congresso, aliás, o que mais se tem no momento é a velha discussão de qual emenda parlamentar vai ser cortada, qual vai ser mantida num ano de eleições municipais (traduzindo: qual obra paroquial, uma ponte aqui, um asfalto ali, uma iluminação ali, sem plano e sem direção, sem que se conserve ou se mantenha anos depois).

E o povo? E a saúde? E o que fazer para sair desta situação? A nossa compreensão é que precisaríamos, isso sim, de um Sistema Nacional de Saneamento e Vigilância Sanitária (com planos de investimento públicos em redes de água e esgoto, com planos para erradicação de moléstias e vetores de transmissão de doenças endêmicas e epidêmicas como febre amarela, dengue e cólera), de hospitais e postos de saúde públicos construídos e geridos nacionalmente, a partir de dados do número de habitantes e não atendidos os municípios que tenham "influência" política, que sejam contemplados em "emendas" parlamentares, laboratórios públicos e fábricas de medicamentos públicos.

Isto poderia começar com a estatização de todos os hospitais e postos de saúde privados que recebem verbas públicas, com a estatização de todas as fábricas de medicamentos que receberam incentivos fiscais. O problema, como já analisamos em outros textos, é que o governo Lula, governo em que um partido de trabalhadores governa em coalizão com a burguesia, atende as necessidades da burguesia e a saúde, como sempre, só é lembrada nas negociatas das emendas parlamentares, nos planos que transferem dinheiro para hospitais e construtoras privadas e no dia que precisam de desculpa para aumentar impostos. Medidas que propomos podem ser aplicadas por este governo? Duvidamos. È preciso dar o passo no sentido de exigir o rompimento da coalizão com a burguesia para caminhar nesta direção.