quarta-feira, 14 de maio de 2008

PT em Macaé (RJ) se inspira no presidente Lula: Vai apoiar a reeleição do prefeito da burguesa oligarquia local!

*Almir da Silva Lima (almirptmacae@yahoo.com.br)

Depois do presidente Lula afirmar "realidade local deve ditar aliança nos municípios", contrariando veto da cúpula nacional petista de apoio do PT ao pré-candidato a prefeito da capital mineira do PSB indicado pelo governador tucano Aécio Neves. Agora é o PT em Macaé (RJ) que decidiu não lançar candidatura própria para apoiar a de um partido da chamada base aliada do apelidado governo de coalizão, do próprio presidente Lula. Na Capital do Petróleo, o apoio do PT será dado à reeleição do alcaide Riverton Mussi (ex-PSDB e atualmente no PMDB) que é membro da burguesa oligarquia que domina a política local há 31 anos. Isto foi decidido por 87 contra 13% dos votos válidos no Encontro realizado na Câmara Municipal, sábado (09 de maio).

A mencionada afirmação do presidente Lula se trata de uma "senha". Seu alcunhado governo de coalizão significa governar muito mais para a burguesia do que para o povo trabalhador. Já no caso do PT, tudo começou em 1987 no V Encontro nacional quando, com apoio do então presidente petista Lula, o secretário-geral José Dirceu comandou a aprovação da "tese" do atual campo majoritário (ex-tendência Articulação) intitulada "Acumulação de Forças" cujo significado é o de que nunca se pode lutar porque "a etapa é de acumulação de forças". Desta "tese" surgiu outra etapa, a "Democrática e Popular" através de governos autoproclamados de democráticos e populares cuja política significou o início da destruição do princípio da independência de classe do PT.

Haja vista, a "tese" vencedora (mas, sem debates) no Encontro de Política de Aliança e Tática Eleitoral do PT local tem o título enganador "Trabalhando por Macaé" e é apoiada, dentre outros, pelo fisiológico vereador filiado ao PT e pelo presidente municipal petista. É deste, aliás, a seguinte pérola "o PT tem evoluído muito nos seus diálogos internos. Acredito que conseguimos fazer uma boa análise de conjuntura do cenário político de Macaé e encontramos a melhor tática eleitoral para o partido. Este amadurecimento evidente do partido proporciona a sociedade uma opção confiável para os próximos pleitos eleitorais". Para a vencedora "tese" (sem debates), o PT apoiará candidato de outro partido, sem que estejam definidos os nomes (do candidato e do partido).

Tais nomes serão definidos no dia 07 de junho próximo em novo Encontro Municipal dos delegados eleitos pelas chapas "Trabalhando por Macaé" (hegemônica) que é constituída por petistas integrantes e apoiadores da administração do alcaide macaense. Já a chapa "História, Esperança e Dignidade" (minoritária) é integrada por petistas oposicionistas, em termos locais. Isto é, de todas as correntes e tendências, com exceção da Esquerda Marxista (defensora da independência de classe do PT ante a burguesia e seus partidos). Na oportunidade será anunciada a política de alianças majoritária (prefeito e vice) e proporcional (vereadores) uma vez que ambas chapas definiram que o diálogo será com todos os partidos da base aliada do governo do presidente Lula.

A intenção do presidente Lula, as envelhecidas idéias da juventude local e as agruras dos petistas governistas em Macaé!

Há alguns anos o presidente Lula tem dito que gostaria de fazer "um partido com pessoas de bem do PT e PSDB". Isso explica a demagogia, o oportunismo e o populismo exibidos nos discursos durante o Encontro Municipal do dia 09 de maio. Por exemplo, a do presidente municipal petista "A cidade (Macaé) precisa de um PT coerente e que seja uma opção segura e madura. Estamos investindo na juventude que será o partido amanhã. Atualmente, dos nove membros da Comissão Executiva Municipal, cinco são jovens com menos de 29 anos". Tais "jovens" se referenciam nas idéias e práticas do presidente petista que durante o mandato de edil (2001-2004) se perdeu, tentando fazer o que ele chamou de "oposição inteligente" à burguesa oligarquia local.

Tanto que, em 2004 ele acabou renunciando como pré-candidato a prefeito petista para ser o candidato à vice do então candidato a prefeito do PMDB; por sinal, se trata de um fisiológico ex-edil que voltou ao ninho da oligarquia como secretário de governo do atual alcaide macaense. Seria cômico se não fosse trágico para a independência de classe do PT e, consequentemente do povo trabalhador local os equivocados discursos proferidos durante o Encontro como o do presidente municipal do PT "A maioria dos petistas acreditam que a eficiente gestão nas secretarias municipais que o PT tem autonomia para que sejam aplicadas as diretrizes históricas do partido em prol da sociedade de Macaé, foi fator determinante para a vitória da tese Trabalhando por Macaé".

Já o pelego presidente do Sindicato dos Bancários, afirmou "O PT está fazendo a diferença no governo (municipal). Em poucos meses conseguimos a gratuidade da FeMASS (fundação-faculdade municipal privada), ampliar o complexo universitário (privado) e seus convênios com UFRJ e UFF, criamos o Fundo (privado) do Meio Ambiente, reformamos o Teatro Municipal e estamos tocando a reabertura do Cine Clube Macaé em parceria com a Petrobrás. Temos o reconhecimento da sociedade, mas não somos unanimidade dentro do nosso próprio partido". Estiveram também presentes ao Encontro outros petistas que integram o governo municipal como a presidente da Fundação Macaé de Cultura (FMC) e o presidente da Fundação Educacional de Macaé (Funemac).

Este, que é petista e psiquiatra, apareceu pela 1ª vez em uma reunião (ano passado) para pegar o mencionado cargo. No Encontro, ele discursou "O processo político é indissociável do trabalho técnico. Fiz questão de fazer a defesa do nosso trabalho frente às secretarias. Não temos certeza se a nossa participação neste governo é a forma mais correta, mas podemos afirmar com certeza que estamos fazendo a diferença e quem está ganhando com isto é a sociedade macaense". Por fim, o presidente municipal do PT disse "Com o resultado deste Encontro, todas as esperanças de candidatura própria estão enterradas. O partido reconhece que este não é o momento ideal e que para isto precisa consolidar este novo momento para que num futuro próximo possa se lançar à prefeitura de Macaé".

*jornalista – é suplente no diretório petista local e militante da corrente intra PT (Esquerda Marxista).

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