quinta-feira, 27 de setembro de 2007

Noticias do Congresso do PT

Fonte: www.marxismo.org

O QUE ACONTECEU NO III CONGRESSO DO PT

O Congresso deveria ter 2.000 delegados, mas só se elegeram 927. O que dá uma idéia do afastamento da base do partido. Num clima morno, os dirigentes se esforçavam em festejar a “unidade”, mas todos percebiam que o terreno está se movendo sob seus pés.

Entre as resoluções aprovadas estão: Reafirmar a política de aliança com os partidos burgueses, ou seja, o Governo de Coalizão com PMD, PP, PTB, PRTB, etc., a antecipação da eleição das direções do partido (PED) para 2/12/07. Reafirmar a política internacional do PT (Fórum Social Mundial, Foro de SP, etc.), o que obviamente inclui a invasão do Haiti. E consequentemente não foi dada a palavra ao representante do PSUV, Vidal Cisneros, da Venezuela.

O Congresso decidiu por um candidato do PT às eleições de 2.010, mas para “liderar” uma coligação que expresse a atual “base aliada”. A “máquina do partido” sabe que sem candidato próprio fica mais difícil ganhar governos estaduais e eleger parlamentares. Lula, que pretende apoiar um candidato do PMDB em 2010, saiu satisfeito do Congresso. A coalizão, o essencial, foi reafirmada e o terreno para a capitulação final foi definido.

Esquerda, Volver?!

Mas, para isso tudo acontecer o Congresso teve que aprovar, também, resoluções “à esquerda”, expressando a situação difícil em que se encontra a direção. O apoio ao plebiscito da Vale deveria significar estar pela re-estatização da Vale, o que de forma alguma é a política de Lula. O apoio à descriminalização do aborto e a exigência de sua realização na rede pública, assim como o apoio à emenda 29 (defesa da Saúde pública e estatal) são elementos de distúrbio no cenário de direitização do governo Lula. Mas, é evidente que os dirigentes não pretendem mover uma palha para que se concretizem estas resoluções.

Outro dado importante a ressaltar é que apesar da verdadeira operação de guerra montada pela ministra Matilde, da SEPIR, e um séqüito de “ongueiros”, eles não conseguiram apoio para aprovar explicitamente apoio ao famigerado Estatuto da Igualdade Racial.

A base da “unidade” do III Congresso é uma Bolha. A “Bolha lulista” de crédito artificialmente ampliado de 9 bilhões para 27 bilhões através do crédito consignado, etc., a ampliação das exportações de matérias primas e do agro-negócio e da enorme entrada de capitais internacionais, inclusive na área de produção. É isto que permite manter a insatisfação geral da base do partido e do movimento sindical debaixo da superfície.

Esta situação vai perdurar enquanto a crise que continua a se desenvolver internacionalmente não atingir um pico e pegar o Brasil em cheio.

O abandono da luta pelo socialismo

A primeira batalha no PT, em 1980, foi decidir se era um “Partido da Sociedade” ou um “Partido Sem Patrões”. Desde então, um longa luta marca o PT, nascido partido operário independente, em que várias vezes seus principais dirigentes foram derrotados pela base. Constituir a CUT, recusar o Colégio Eleitoral, expulsar os deputados que participaram daquela farsa, foram alguns destes dramas.

Mas, em 87, no 5º Encontro Nacional estas forças começaram a torcer o partido no sentido da colaboração de classes. É aí que surge a desastrosa “teoria” da “acumulação de forças” e de “governo democrático e popular”. O partido tem, então, seu rumo invertido e caminha para a direita.
Em 1992, quando Lula retira das ruas os milhões que derrubaram Collor e garante a posse ao ridículo Itamar Franco, sem nenhuma reação significativa dentro do PT contra esta capitulação, o PT dá um salto de qualidade transformando-se em um partido operário burguês.

Ao mesmo tempo em que, em 1987, assumia o leme para conduzir o partido aos braços da burguesia o grupo dirigente, comandado por Lula e Zé Dirceu, nunca parou de se dividir. Num processo muito semelhante aos diversos agrupamentos surgidos em torno de “personalidades” nos partidos social-democratas, eles se expressam em diversos grupos que, entretanto votam sempre as mesmas resoluções. A este núcleo dirigente paulatinamente se agregou a DS.

No 3º Congresso esta trajetória dá outro salto. E, como seria de esperar, sem nenhuma reação das grandes tendências que disputam fundamentalmente espaço, só espaço, com a corrente oficial de Lula.
Ao contrário, o clima era descrito assim pelo portal do PT: “Um clima de unidade e de consenso marcou as discussões em torno da votação das emendas apresentadas, algumas resultantes de fusões e readequações aos textos originais”.

Do total de emendas apresentadas ao plenário após um longo processo de acordos, apenas três foram reprovadas pelos delegados. A maioria das aprovadas foi fruto de acordo entre os representantes do Construindo um Novo Brasil e os signatários das propostas, onde prevaleceu o diálogo”.

A longa transição para o capitalismo
Após a queda do Muro de Berlim, os partidos stalinistas passaram de armas e bagagem para a defesa do capitalismo. Tendo perdido o amo de Moscou se entregaram ao amo de Washington. É só ver o PPS atual, que era o ex-PCB no Brasil. E o PC do B que depois de ser o mais estalinista, depois de ser o mais maoísta, o mais Henver Hoxista (Albânia) possível, agora se passou para o amo do “socialismo de marcado”, os restauradores chineses do capitalismo.

A social-democracia internacional sentiu-se, então, liberada para parar de disfarçar que ainda lutava por reformas “que um dia levariam ao socialismo” e atirou-se com sanha a despedaçar todas as conquistas operárias. Blair queria ser mais “neoliberal” que Tatcher, e Schroeder queria ser mais direitista que Helmuth Kohl.

Na Itália, este processo de apodrecimento dos partidos stalinistas levou o poderoso PCI, de milhões de membros, a se fundir, em 2007, com o partido burguês de Prodi e criar o “Partido Democrata”, ao estilo dos Estados Unidos (ver o artigo “De Comunistas a Democratas”).

O Brasil não está só no mundo. E apesar de Lula e Mantega difundirem a bobagem do “capitalismo num só país”, onde o Brasil estaria imune à tempestade econômica e financeira internacional, a verdade é que o PT também foi atingido em cheio pela crise política dos estalinistas e social-democratas.

A proposta de Lula, repetida várias vezes, de construir um partido dos homens de bem do PT e do PSDB, ou a coalizão atual com a burguesia e sua proposta de candidato único, que pode ser do PMDB, para 2010, não são, acaso, políticas no mesmo sentido do que se passa na Itália?

Uma orientação que prepara a destruição do caráter operário do PT

Quando o PSOE, de Felipe Gonzáles, decidiu se preparar para ser um “partido da ordem” ou “um partido de governo” burguês (mesmo se ele já era reformista, contra-revolucionário, há muito tempo), uma medida absolutamente necessária foi retirar do programa do partido toda menção à ditadura do proletariado. Palavra de ordem que havia mantido por décadas mesmo que na prática a tivesse abandonado desde 1914, pelo menos.

Agora é a vez do PT. No 3º Congresso, a direção do partido, como “partido de governo”, aprovou a tese “Construindo um Novo Brasil” (CNB), que abandona explicitamente a luta pelo socialismo: “Temos de criar o mercado interno que, com a integração da América Latina, dê dinamismo ao capitalismo brasileiro e promova outro tipo de reforma. A partir daí poderão surgir outros temas em discussão, aparentemente proibidos hoje, como a propriedade social e o caráter da empresa privada. Cria-se uma perspectiva socialista, e não só de reformas dentro do capitalismo”.

Mais capitalismo, mais felicidade?!

Socialismo só nos dias de festa, um dia, quem sabe. Cria-se uma “perspectiva socialista”. Para a vida real é a etapa capitalista...
Requentaram assim a velha teoria fracassada dos PCs de revolução por etapas. Mas, foram muito além, “atualizando” esta teoria com uma declaração clara contra a luta pela revolução socialista: “A superação [do capitalismo] não se dará pela via da ruptura violenta, nem pela adoção de modelos já fracassados... Para o PT, a concepção de socialismo deve ser combinada com o conceito de revolução democrática e de socialização da política”. Revolução democrática é mais capitalismo. E socialização da política não quer dizer nada.

Assim, a maioria da direção do PT, conduzida pelo governo Lula, joga no lixo, de uma só vez, a luta pela revolução socialista e o Manifesto de Fundação do partido: “O PT nasce da decisão dos explorados de lutar contra um sistema econômico e político que não pode resolver os seus problemas, pois só existe para beneficiar uma minoria de privilegiados”.

A única saída para os trabalhadores

A verdade é que do ponto de vista dos trabalhadores, o único desenvolvimento real, para enfrentar as conseqüências destrutivas do capitalismo na época do imperialismo, resultaria da adoção de verdadeiras medidas de industrialização do país e de aumento geral do poder de compra (salários). Só isto permitiria aumentar o consumo sem a criação de uma “Bolha de crédito” e, portanto, aumentar a produção de forma duradoura.

As principais medidas que devem acompanhar esta política são: realizar a Reforma Agrária, anular unilateralmente a Dívida Pública, estatizar o sistema financeiro e todos os principais setores industriais. Estabelecer o controle do câmbio e o monopólio estatal do comércio exterior. E, sobre esta base e se apoiando na mobilização da classe trabalhadora planificar democraticamente a economia segundo os interesses dos oprimidos e explorados.

O capitalismo é incapaz de assegurar ao povo os mais básicos requisitos para uma vida digna. Assim esta política de colaboração de classes está fadada ao fracasso em seus pretensos objetivos.

Seu único resultado é subordinar os trabalhadores ao interresses do grande capital que domina e explora o povo trabalhador. E transformar o PT numa mera máquina eleitoral a serviço do gerenciamento e da sobrevivência do capitalismo.

Nossas forças estão em nossa própria classe: A burguesia prometeu os céus, mas é incapaz de realizar sua promessa e mergulhou o planeta num inferno. É impossível que o escorpião deixe de ser escorpião, assim como é impossível que um capitalista deixe de explorar e oprimir os trabalhadores.
Fracassarão os que tentam convencer a classe trabalhadora de que o único horizonte possível é a reforma e a “humanização” do monstro imperialista.

A luta contra o regime da propriedade privada dos grandes meios de produção é que construirá o verdadeiro reino da liberdade, igualdade e fraternidade. E isto é mais necessário que nunca.



terça-feira, 25 de setembro de 2007

Jornada de lutas MST

[Letraviva - MST Informa] MST Informa n°142 - 24/09/2007

Estimado amigo e amiga do MST,

Esta semana nós do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra – MST – estamos, mais uma vez, em jornada de luta por Reforma Agrária. Em vários estados do país estamos realizando ocupações e marchas que têm como principal objetivo pressionar governos estaduais e o governo federal pela imediata realização da Reforma Agrária, que há tempo anda engessada no país.

Enquanto o governo federal segue priorizando os investimentos no agronegócio – foram R$ 58 bilhões liberados em crédito para o agronegócio na safra 2007/08 e apenas R$ 12 bilhões para a agricultura camponesa –, cerca de 150 mil famílias continuam acampadas à beira de estrada em todo o país, embaixo de lona preta à espera de um pedaço de terra para plantar e colher. Isso sem falar da rolagem da dívida dos ruralistas, atualmente acumulada em R$ 40 bilhões.

O orçamento da União apresentado pelo governo para 2008, embora aumente 17% em relação a 2007, é a rigor quase igual aos R$ 3,8 bilhões aprovados em 2006, ou seja, não há nenhum sinal de prioridade. Por isso, a nossa pauta é a mesma que entregamos ao presidente Lula, em abril de 2007:

  • Queremos Reforma Agrária! Queremos o assentamento das 140 mil famílias que vivem precariamente acampadas;
  • Reivindicamos a publicação da portaria que atualiza os índices de produtividade;
  • Queremos um novo programa de crédito rural para os assentados, pois o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) alcança apenas 10% dos assentados;
  • Queremos um programa de agroindústria para a Reforma Agrária;
  • Lutamos pela ampliação das desapropriações;
  • Queremos ampliação dos recursos para a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), no seu programa de compra antecipada especial – a previsão de gastar R$ 134 milhões apenas, é totalmente insuficiente;
  • Reivindicamos ampliação dos recursos do Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária (Pronera), que tem 99 cursos aprovados, mas está sem recursos.

Além disso, queremos que o governo federal pare de incluir os projetos de colonização em terras públicas da Amazônia nos números da Reforma Agrária, pois estes projetos, além de não contemplarem os trabalhadores rurais que estão à espera de assentamento, só beneficiam os madeireiros da região.

Lutamos pelo fim do latifúndio. Queremos a democratização da terra no Brasil. Por isso exigimos que o governo federal crie uma portaria que impeça que empresas estrangeiras comprem terras no país. Estamos na luta em defesa da vida e da biodiversidade, pois sabemos que os monocultivos aumentam a pobreza no campo, comprometem a terra, a água e a soberania do país.

Também acreditamos que Reforma Agrária não é simplesmente dar um pedaço de terra ao trabalhador rural. Por isso, nossa jornada também tem como objetivo cobrar pela implementação de políticas de infra-estrutura para o campo e crédito para a produção. Queremos habitação, assistência técnica, educação do campo e saúde.

Em São Paulo, ocupamos com 600 trabalhadores, a sede do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), em frente à Secretaria de Justiça do Estado, outros 800 trabalhadores também fazem protesto. Reivindicamos o assentamento das 3.000 famílias acampadas em São Paulo e denunciamos o estapafúrdio Projeto de Lei (PL 578/2007) do governo José Serra (PSDB) que pretende regularizar terras griladas no Pontal do Paranapanema (SP).

Também ocupamos nessa manhã, dia 24, as sedes do Incra em Belo Horizente (MG), em Chapecó (SC), em São Luiz (MA), em Fortaleza (CE), a sede do Ministério da Fazenda, em João Pessoa (PA) e a Praça da Assembléia Legislativa em Florianópolis (SC) a delegacia estadual do Ministério da Fazenda, em Cuiabá (MT), o prédio da Receita Federal, em Goiânia (GO), além de atos no Rio Grande do Sul e no Rio de Janeiro. Queremos pressionar os órgãos públicos pela agilidade no processo de desapropriação de terras para a Reforma Agrária.

No Rio Grande do Sul uma grande marcha com três colunas percorreu boa parte do estado na última semana para denunciar a apropriação das terras gaúchas por transnacionais para o plantio de eucalipto e o descaso do governo de Yeda Crusius (PSDB) em relação à Reforma Agrária. A governadora extinguiu o gabinete da Reforma Agrária e agora o estado não tem nenhum órgão responsável pela questão agrária. A política agrária do governo Yeda consiste no aumento da repressão aos movimentos sociais e em apoio irrestrito ao agronegócio.

Os manifestantes das três colunas estão percorrendo pontos estratégicos das três regiões do estado, com protestos e ocupação nas sedes de órgãos públicos. A coluna que seguia para Pelotas realizou um protesto em frente ao viveiro de mudas da Votorantim Celulose, em Capão do Leão, no domingo, dia 9. E nem mesmo as ameaças dos grandes latifundiários sofridas por nossa coluna em Bagé e a omissão da Brigada Militar diante do fato, amedrontou nossa militância, que está disposta a continuar na luta por um Brasil mais justo e igualitário. As três colunas seguem em direção a Fazenda Coqueiros (Família Guerra), em Coqueiros do Sul. Área de mais de 10 mil hectares que deve ser destinada à Reforma Agrária.

Ao longo dessa semana outras ocupações e protestos serão realizados em vários estados. Estamos comprometidos com a luta de milhares de brasileiros que buscam por melhores condições de vida. Para isso, lutamos pelo acesso à terra e pela distribuição das riquezas do país. Estamos comprometidos na luta contra o agronegócio, contra o monocultivo de cana, de eucalipto, pinus. Lutamos pelo fortalecimento da agricultura camponesa, pela soberania alimentar do nosso povo, pela biodiversidade. Por tudo isso, voltamos a nos mobilizar para exigir o assentamento de todas as famílias acampadas por todo o Brasil.

Boa luta para todos e todas!

Saudações!
Direção Nacional do MST

sábado, 22 de setembro de 2007

Texto da nossa chapa ao PED

Um Programa Socialista para o PT

Eles fecham, nós abrimos as fábricas.
Eles roubam terras e nós ocupamos.
Eles fazem guerras e destroem nações.
Nós defendemos a paz e a integração soberana dos povos.
Eles dividem e nós unimos.
Porque somos a classe trabalhadora.
Porque somos o presente e o futuro da humanidade.
Os que continuam fiéis à sua classe
prosseguem a luta contra o capitalismo,
inimigo comum da humanidade.
Nossa bandeira é o socialismo.
Venceremos!

No Brasil que os petistas querem a terra pertencerá a quem nela trabalha e não existirá o latifúndio. Viveremos o pleno emprego e os trabalhadores controlarão as fábricas e as empresas. Toda a juventude estudará em escolas públicas e gratuitas e os idosos serão reverenciados porque já fizeram muito e sabem mais. E tudo que se refere à saúde será público e gratuito. Todo o povo trabalhador terá acesso às bibliotecas. E a fome, a miséria e sofrimento serão eliminados.
Para isso a condução política dos destinos no Brasil não pode estar mais nas mãos da burguesia e seus políticos. O povo trabalhador do campo e da cidade deve controlar democraticamente toda a sociedade. Seus representantes devem ser revogáveis a qualquer momento para, de fato, serem a expressão dos explorados e oprimidos.
Os bancos e o sistema financeiro, as grandes empresas nacionais e multinacionais, devem ser estatizadas sob controle dos trabalhadores. Isto permitirá de forma democrática centralizar esforços para planificar toda a economia e colocá-la a serviço da maioria do povo.
A classe trabalhadora necessita derrotar o capitalismo e acabar com o regime da propriedade privada dos grandes meios de produção para terminar com a exploração e a opressão. A palavra felicidade não precisa ser um sonho longínquo. A luta pode transformá-la no cotidiano de homens e mulheres emancipados.
Foi para isso que o PT nasceu. E o Brasil que desejamos é socialista e parte da grande irmandade que é a classe trabalhadora internacional. Por isso o PT tem obrigação de apoiar a revolução na Venezuela, na Bolívia, e exigir a retirada das tropas invasoras do Iraque. O PT nasceu defendendo a autodeterminação dos povos, por isso devemos exigir que o governo Lula retire imediatamente as tropas brasileiras que comandam a ocupação do Haiti.
A maioria da direção do partido abandonou a luta pelo socialismo
Aprofundando a orientação política da maioria da direção do partido o III Congresso aprovou a tese “Construindo um Novo Brasil” que abandona explicitamente a luta pelo socialismo: “Temos de criar o mercado interno que, com a integração da América Latina, dê dinamismo ao capitalismo brasileiro e promova outro tipo de reforma. A partir daí poderão surgir outros temas em discussão, aparentemente proibidos hoje, como a propriedade social e o caráter da empresa privada. Cria-se uma perspectiva socialista, e não só de reformas dentro do capitalismo”.
Ou seja, mais capitalismo, mais felicidade!
Socialismo só nos dias de festa, um dia, quem sabe. Cria-se uma “perspectiva socialista”. Para a vida real é a etapa capitalista...
Requentaram assim a velha teoria fracassada dos PCs de revolução por etapas. Mas, foram muito além, “atualizando” esta teoria com uma declaração clara contra a luta pela revolução socialista: “A superação [do capitalismo] não se dará pela via da ruptura violenta, nem pela adoção de modelos já fracassados... Para o PT, a concepção de socialismo deve ser combinada com o conceito de revolução democrática e de socialização da política”. Revolução democrática é mais capitalismo. E socialização da política não quer dizer nada.
Assim, a maioria da direção do PT, conduzida pelo governo Lula, joga no lixo, de uma só vez, a luta pela revolução socialista e o Manifesto de Fundação do partido: “O PT nasce da decisão dos explorados de lutar contra um sistema econômico e político que não pode resolver os seus problemas, pois só existe para beneficiar uma minoria de privilegiados”.
A adoção desta Tese foi preparada pela política que culminou no apoio do PT ao Governo de Coalizão com os dois partidos constituídos pela ditadura militar (MDB/PMDB e ARENA/PDS/PP). Aliar-se com a burguesia é coerente com a tese de defender o capitalismo. Mas, não chegaram lá sozinhos. Contaram com o apoio dos dirigentes de todas as grandes tendências do partido que votaram todas as resoluções de apoio ao governo de coalizão com os capitalistas.
A verdade é que do ponto de vista dos trabalhadores, o único desenvolvimento real, para enfrentar as conseqüências destrutivas do capitalismo na época do imperialismo, resultaria da adoção de verdadeiras medidas de industrialização do país e de aumento geral do poder de compra (salários). Só isto permitiria aumentar o consumo sem a criação de uma “Bolha de crédito” e, portanto, aumentar a produção de forma duradoura. As principais medidas que devem acompanhar esta política são: realizar a Reforma Agrária, anular unilateralmente a Dívida Pública, estatizar o sistema financeiro e todos os principais setores industriais. Estabelecer o controle do câmbio e o monopólio estatal do comércio exterior. E, sobre esta base e se apoiando na mobilização da classe trabalhadora planificar democraticamente a economia segundo os interesses dos oprimidos e explorados.
O capitalismo é incapaz de assegurar ao povo os mais básicos requisitos para uma vida digna. Assim esta política de colaboração de classes está fadada ao fracasso em seus pretensos objetivos.
Seu único resultado é subordinar os trabalhadores ao interresses do grande capital que domina e explora o povo trabalhador. E transformar o PT numa mera máquina eleitoral a serviço do gerenciamento e da sobrevivência do capitalismo.
Nossas forças estão em nossa própria classe: A burguesia prometeu os céus, mas é incapaz de realizar sua promessa e mergulhou o planeta num inferno. É impossível que o escorpião deixe de ser escorpião, assim como é impossível que um capitalista deixe de explorar e oprimir os trabalhadores.
Fracassarão os que tentam nos convencer de que o único horizonte possível é a reforma e a “humanização” do monstro imperialista.
A luta contra o regime da propriedade privada dos grandes meios de produção é que construirá o verdadeiro reino da liberdade, igualdade e fraternidade. E isto é mais necessário que nunca.
Ruptura da coalizão com a burguesia
A história da classe trabalhadora é a história de suas lutas para sobreviver enfrentando a exploração do regime capitalista e preparando suas forças para a construção do socialismo. A história de todas as sociedades sempre foi a história da luta de classes, da luta dos oprimidos contra seus opressores.
Não se pode contornar a situação mundial que se encontra num impasse e que tem como horizonte uma crise e uma brutal recessão. O imperialismo semeia tempestades e sofrimento sobre o planeta. Sem enfrentar isso com controle de cambio, monopólio do comércio exterior e principalmente a anulação unilateral das Dívidas Interna e Externa, não haverá nenhum destravamento. Apenas falsas soluções que empurram o problema para frente.
E não haverá avanço real se o PT não romper com o Governo de Coalizão com os partidos do capital (PMDB, PP, PL, PTB e outros) e constituir um governo dos trabalhadores para “destravar” verdadeiramente o Brasil das amarras do capitalismo e caminhar para o socialismo.
É obrigação do governo Lula parar os leilões de áreas petrolíferas, cancelar os pedágios nas estradas federais, reestatizar todas as empresas privatizadas, começando pela Vale e pelas ferrovias, estatizar as fábricas ocupadas, iniciar a reforma agrária.
Este 2º Governo Lula será extremamente pressionado pela burguesia e o imperialismo para retomar os ataques previstos, como a Reforma Trabalhista e Sindical, Previdência, Universitária e outras.
Não é possível fazer um governo de harmonia entre o capital e o trabalho, fazendo desaparecer a luta de classes. A colaboração de classes é uma ilusão e uma política trágica. O único resultado seguro deste “Governo de Coalizão” é o mergulho do PT em uma crise política ainda maior que as que já viveu até agora.
Governo do PT apoiado nas organizações da classe trabalhadora e na mobilização
O PT e Lula deveriam fazer o que faz Chávez na Venezuela, aprofundando a revolução que todos apoiamos com tanto entusiasmo. Chávez estatiza as fábricas ocupadas e anuncia a reestatização de todas as empresas privatizadas. Defende a revolução cubana e a mais ampla coalizão contra o imperialismo, inicia a reforma agrária. Se Lula faz a mesma coisa terá o apoio e a mobilização nas ruas de dezenas de milhões de trabalhadores do campo e da cidade.
Só isso pode resolver definitivamente os problemas do povo brasileiro.
A única coalizão de que o povo precisa é com as organizações do movimento operário e camponês, um governo do PT, sem ministros burgueses. É a estes que Lula e o partido devem o segundo mandato. Este é o governo que o povo trabalhador precisa para retirar as tropas do Brasil da vergonhosa ocupação do Haiti, para fazer a Reforma Agrária, reestatizar a Vale do Rio Doce, as ferrovias, os serviços públicos e mobilizar as classes trabalhadoras para enfrentar os capitalistas e o imperialismo, abrindo caminho para o socialismo.
O PAC e as ilusões no capitalismo
O PAC (Plano de Aceleração do Crescimento) consiste, essencialmente, na transformação do Brasil numa imensa plataforma de exportação de produtos agroindustriais e minerais a serviço da economia imperialista globalizada. Vai aprofundar a dependência e a submissão do Brasil.
Vai liquidar qualquer pretensão de Reforma Agrária com a acumulação intensiva de terras para o desenvolvimento das monoculturas em detrimento da produção alimentar. O PAC é um plano de investimentos em infra-estrutura em parceria com os capitalistas, ou seja, um plano de privatização da infra-estrutura nacional.
Em vez de criar e ampliar estatais o governo anuncia a liquidação da RFFSA e da FRANAVE (Cia. de Navegação do Rio S. Francisco). Ao mesmo tempo anuncia um arrocho salarial de dez anos para os Servidores Públicos.
A intervenção federal na Cipla e Interfibra
O dia 31 de maio de 2007 ficará para sempre como uma mancha no governo de Lula em coalizão com a burguesia. Neste dia, um juiz federal fascista agiu a pedido do INSS e enviou 150 policiais federais e militares para invadir duas fábricas ocupadas por 1.000 trabalhadores em Joinville, SC. Lutando para salvar seus 1.000 empregos os trabalhadores ocuparam a Cipla e a Interfibra e produziam desde 2002. Eles reivindicavam de Lula a estatização das fábricas ocupadas. O governo Lula respondeu com a polícia. Um crime foi praticado contra trabalhadores. O presidente é Lula, o Ministro da Previdência (INNS), Luis Marinho e o Ministro da Justiça (Polícia Federal), Tarso Genro.
Só a ditadura militar tinha feito isso antes invadindo a COBRASMA em 1968, invadindo a CSN em 1985, e as estações ferroviárias em greve, em 1987.
Em todo o Brasil uma incrível violência se abate sobre os movimentos sociais e o Governo Lula se faz de cego, surdo e mudo. A criminalização dos movimentos sociais se estende encorajada pelas opções políticas do governo e seu apoio às ações policiais e judiciais contra a classe trabalhadora.
Queremos fazer ouvir no Planalto a voz dolorida dos trabalhadores do Movimento das Fábricas Ocupadas, que continuam exigindo do governo Lula que retire o pedido de intervenção e devolva a Cipla e a Interfibra aos trabalhadores e à Comissão de Fábrica eleita.

O Socialismo que queremos
O socialismo nada tem a ver nem com a social-democracia que administra o capitalismo e nem com as ditaduras stalinistas que esmagaram a revolução russa e oprimiram todos os povos do leste europeu, assim como na China, Vietnam, etc. Os que chamavam o stalinismo de “socialismo real” não compreendiam nada do que era socialismo segundo os ensinamentos de Marx e Engels. O socialismo é a democracia das maiorias sobre a base da propriedade social, coletiva, dos meios de produção.
Cada país definirá, levando em conta a história e as condições políticas existentes, com a intervenção consciente dos socialistas, seu próprio caminho para o socialismo. Mas, se a luta de classes é nacional na sua forma, ela é internacional em seu conteúdo. Os princípios do socialismo são válidos em todo o mundo.
A nova ordem socialista abolirá a propriedade privada, que será substituída pela utilização em comum de todos os instrumentos de produção e pela distribuição dos produtos com base num acordo comum, ou seja, pela chamada comunidade dos bens. A abolição da propriedade privada é, de fato, a síntese mais concisa e mais característica da transformação da ordem social em seu conjunto, transformação essa que deriva do desenvolvimento da indústria.
Hoje, graças ao desenvolvimento da grande indústria produziram-se capitais e forças produtivas em proporções jamais conhecidas antes. E existem os meios para aumentar ao infinito essas forças produtivas;
Essas forças produtivas, poderosas, ultrapassam, hoje, a tal ponto, os marcos da propriedade privada e dos estados nacionais, que provocam a todo instante as mais violentas crises econômicas e sociais. Atualmente, a abolição da propriedade privada tornou-se não só possível como também absolutamente necessária.
As conseqüências da eliminação da propriedade privada
Ao despojar os capitalistas da utilização de todas as forças produtivas, assim como da troca e da distribuição dos produtos, ao administrar tudo isso de acordo com um plano baseado nos recursos disponíveis e nas necessidades de toda a sociedade, serão eliminadas as conseqüências deploráveis hoje inerentes ao funcionamento do capitalismo.
As crises desaparecerão; a produção ampliada, na atual organização da sociedade representa uma superprodução e uma poderosa causa de miséria. Ao invés de engendrar a miséria, a superprodução garantirá bem mais que as necessidades imediatas da sociedade, a satisfação das necessidades de todos e engendrará novas necessidades, bem como os meios para satisfazê-las. Desse modo, será a condição e a causa de novos progressos e os alcançará sem crises sociais.
A indústria explorada segundo um plano, por toda a sociedade, exige homens cujas capacidades estejam desenvolvidas em todos os aspectos. A educação libertará os jovens do caráter alienante que a atual divisão do trabalho imprime. E a sociedade organizada sobre bases socialistas permitirá o desenvolvimento pleno de todas as capacidades humanas.
A planificação da economia sob o controle democrático de todo o povo, a organização da produção para satisfazer as necessidades de todos, o fim da situação em que as necessidades de uns são satisfeitas à custa de outros, o desaparecimento das classes e de seus antagonismos, o desenvolvimento pleno das capacidades humanas mediante a eliminação da divisão do trabalho até agora existente, a educação e a fusão do campo e da cidade: serão esses os principais resultados da abolição da propriedade privada.
O imperialismo, fase suprema do capitalismo, está destruindo todas as conquistas operárias, democráticas e nacionais, inclusive aquelas que a burguesia construiu em seu passado remoto. Contra esta barbárie ergue-se a classe trabalhadora em todo o mundo.
A queda mundial no abismo da barbárie não pode ser evitada a não ser substituindo o capitalismo pela economia socialista planificada em escala mundial. É toda a Humanidade que deve entrar na via do progresso social ou não haverá futuro.
Petistas fiéis à sua classe e ao socialismo
O PT nasceu como expressão e força da luta dos trabalhadores brasileiros e do movimento operário internacional. O PT foi construído na luta de massas contra a ditadura, os capitalistas e pelo socialismo.
Um partido forte, de classe, democrático e coletivamente controlado pela base, só pode existir com uma verdadeira independência financeira e, portanto, é preciso que o PT retome a sua sustentação independente recusando viver do Fundo Partidário (dinheiro governamental) que atrela o partido ao funcionamento das instituições da burguesia. O PT deve viver das contribuições dos filiados e apoiadores, assim como de campanhas financeiras de massa.
Mas, a democracia interna coerente com uma verdadeira política socialista exige uma reorganização do partido para que valham as bases, as instâncias.
Os mandatos devem estar sob controle da direção e das bases do partido. O salário de parlamentar ou executivo pertence ao partido e a ele deve ser entregue. O salário correspondente ao eleito será fixado pelo partido.
As decisões partidárias, especialmente a eleição das direções, candidaturas, etc., devem ser realizadas diretamente nos Encontros após os debates políticos encerrando esta etapa lamentável chamada PED onde o debate político e os verdadeiros militantes petistas têm pouca ou quase nenhuma importância. Não há partido socialista de verdade sem a participação ativa e decisiva dos militantes desde a base.
Este é o partido que a classe trabalhadora necessita.
Some-se a nós!
Serge Goulart – DN/PT e Coordenador do Movimento das Fábricas Ocupadas (CIPLA); Adilson Mariano – Vereador de Joinville – SC, José Carlos Miranda – Coord. Nacional do MNS (Movimento Negro Socialista) e DE/PT – SP; Roque José Ferreira – Coordenação da FNITST (Federação Nacional Independente dos Trabalhadores Sobre Trilhos); Pedro Santinho – Coordenador do Conselho de Fábrica da Flaskô/SP; Edson da Silva – Pres. Sind. Metal-Mecânico de Garuva e Região/SC; Evandro Pinto – Coordenador do Conselho da Interfibra (Fábrica Ocupada) de Joinville/SC; Luiz Bicalho – Diretor da CONDSEF; Plínio Mércio Baldoni – Diretor Executivo do Sindicato dos Ferroviários de Bauru, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul; Severino Amaro do Nascimento “Faustão” – Diretor Executivo da CUT-PE e do Sindicato dos Químicos de PE; Fabiano Ostoiev – professor Curitiba/PR; José Vanilson Cordeiro – Diretor Sind. Comerciários de Ponta Grossa/PR; Charles Pires – Sec. de Comunicação da CUT-SC e Dir. do Sintrasem; Márcio B. Nascimento – Pres. Sind Municipais de Fpolis/SC; Fábio Bruno Ramirez – Dir. Executivo da UEE-MT; Estéfane Emanuele Ferreira – Pres. CA de Letras da UFMT; Caio Dezorzi – Conselheiro da Apeoesp/SP; Chico Lessa – Advogado trabalhista; André Moura Ferro – Juventude Revolução/SC; Carlos Castro – Exec. Estadual do PT/SC; Osvaldo de França – Dir. da CUT-SC; Rô Soldatelli - ex-Pres. Sintrasem/SC; Anna Paula Feminella – Dir. do Sintrasem ; Adel Daher Filho – Movimento Negro Socialista; Evandro Colzani – Dir. da União Joinvillense de Estudantes Secundaristas; Thiago Moratelli Júnior – Historiador; Daniel Feldmann – Economista; Janaína Quitério – Editora do jornal Luta de Classes; Roberta Ninin – Atriz; Luiz Carlos Ramiro Junior – Estudante da UFRJ; Almir da Silva Lima- jornalista – Macaé/RJ
Contatos no Rio de Janeiro:
Luiz Bicalho - luizbicalho@gmail.com - 86764602
Flávio Almeida - flaviorj@gmail.com
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Luiz Carlos Ramiro - luchoramiro@gmail.com
Almir da Silva Lima - almirptmacae@yahoo.com.br